
A fortaleza de Juromenha, no concelho de Alandroal, escreveu este sábado uma das páginas mais importantes da sua história.
«Depois de mais de um século de abandono», o monumento conta agora com as suas muralhas requalificadas, num investimento a rondar os cinco milhões de euros.
Para o presidente da Câmara Municipal de Alandroal, João Grilo, esta «ambição de décadas» é agora visto como o «culminar de um trabalho longo» com o objetivo de «entregar à população» a fortaleza.
O autarca frisou que esta conclusão «dá-nos confiança para todas as outras obras de património que temos ainda pela frente», assim como dá confiança «para a segunda fase que queremos ver acontecer dentro da fortaleza».
Um espaço interior degradado, mas que deverá ser «valorizado», nomeadamente com a «instalação de uma eventual unidade hoteleira, com partilha de responsabilidades entre público e privado».
«Estamos a ultimar os estudos que vamos entregar ao REVIVE para fundamentar a viabilidade dessa ocupação. Acreditamos que é possível», acrescentou o presidente, detalhando que será de «baixa densidade», «alta qualidade» e, «com certeza, a âncora que precisamos para que todo este trabalho não seja apenas para a visitação».
Para além disso, João Grilo sublinhou que há também projetos para a povoação em si, como o «reabilitar e revitalizar o centro da vila de Juromenha, assim como melhorar as acessibilidades à fortaleza».
«É um trabalho contínuo que, sem esta intervenção, não faria sentido», frisou, dizendo ainda que a estrutura que se inaugurou era «a parte fundamental, o início e o mais difícil de desbloquear».
Contudo, mesmo que não esteja em mente uma «grande expansão» da localidade, há sim intenções de haver «navegabilidade do rio»: «Não desistimos».
«Se tivermos um dia soluções de travessia para o outro lado do rio, com certeza que Juromenha tem tudo para ser um dos grandes marcos do Alentejo», enfatizou.
O autarca realçou que isso aconteça é necessário que «os governos se sentem à mesa para nos ajudar a resolver isto», até porque «do lado espanhol também há vontade».
«Os nossos vizinhos adoram Juromenha e vêm aqui com muita frequência. Têm é de fazer quase 40 quilómetros para aqui chegar, quando estão a 300 metros por água», acrescentou.
Já António Ceia da Silva, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo, destacou que a fortaleza foi «claramente» alvo de uma «grande recuperação patrimonial».
«Tem uma grandiosidade enorme e foi importantíssima na história de Portugal», adicionou, referindo ainda que «eu diria que era calamitoso se este património estivesse a cair».
Assim, o presidente vincou o «esforço» que foi feito para que a obra se realizasse, uma que «não tenho dúvidas que que vai permitir que surjam mais turistas, mais bares, mais restaurantes, mais turismos rurais», assim como «que se crie mais emprego, que se fixem aqui jovens e que possam atrair aqueles que saíram e que possam regressar».
Por sua vez, José Santos, presidente da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo, atirou que esta obra era uma «promessa adiada».
«Juromenha tinha visitação, mas face ao estado de degradação da fortaleza, era mais escassa e não trazia a qualidade da experiência ao visitante», disse.
Agora, a localidade passa a «ter uma qualidade enriquecedora», algo que é complementado pela «tecnologia que vem alimentar, de uma forma mais interessante, o conteúdo do Centro Interpretativo».
O presidente realçou que Juromenha «acaba por ser a prova que, não só é possível recuperar uma fortaleza, mas também que há outras fortalezas e castelos que podem seguir o exemplo» e que pode ser o ponto de partida de um roteiro.
«A ideia é criar um roteiro, um produto turístico estruturado, ao longo da linha de fronteira, baseada nas fortalezas que constam do livro de Duarte de Armas», detalhou.
Já em relação à possibilidade de nascer uma unidade hoteleira na fortaleza, José Santos frisou que «um projeto que venha aqui nascer tem tudo para ser um projeto que terá um alcance mundial» e que «quem se vai interessar por isto será certamente um grupo hoteleiro muito diferenciador».
De seguida, fique com a foto-reportagem de Luís Diabão e Hugo Calado.