O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários (GPIAAF) revela em nota que o condutor do veículo pesado (um semirreboque frigorífico) fazia pela primeira vez aquele trajeto e, em declarações, disse que, ao entrar naquela passagem de nível, teve de abrandar bastante o veículo, quase parando, “atendendo à configuração da estrada e declives inversos do pavimento”, para conseguir atravessar em segurança a Linha da Beira Baixa.

Recorde-se que do acidente resultaram quatro feridos ligeiros, a destruição do veículo pesado e danos substanciais em todos os veículos que compunham o comboio e em alguns componentes da infraestrutura.

O GPIAAF abriu um processo de análise preliminar a fim de recolher a informação necessária e avaliar os factos da ocorrência, tendo recolhido diversa informação documental, depoimentos, inspeção do material circulante afetado e de um veículo rodoviário igual. Todas as entidades envolvidas têm demonstrado a maior colaboração com o GPIAAF.

“Ao começar a atravessar a passagem de nível, começou a ouvir as campainhas a anunciar a aproximação de um comboio e prosseguiu a sua marcha para sair, mas acabou “surpreendido pelo fecho da barreira de saída à sua frente, obstruindo parcialmente a estrada”, refere ainda o gabinete de investigação.

Após alguns momentos de reflexão, o camionista terá decidido contornar a barreira da passagem de nível pelo espaço que havia do lado direito, altura em que o comboio colidiu com o reboque do camião, adianta o documento.

O GPIAAF revela também que aquela passagem de nível não está equipada com sistemas complementares de proteção, como a deteção de obstáculos (a barreira é acionada pelo comboio em aproximação através de detetores na via) e a estrada não tinha “quaisquer das marcas rodoviárias previstas no regulamento de sinalização de trânsito, nomeadamente linha de paragem e linha separadora de sentido de trânsito”.

A colisão terá “provocado danos substanciais na locomotiva e em cinco carruagens, assim como em 250 metros da infraestrutura aérea de energia de tração, estimando um custo dos danos acima de 150 mil euros e abaixo de dois milhões de euros”.