Caríssimos(as) leitores(as) cá estou de volta à escrita para vos dar a minha análise pessoal dos factos políticos deste cantinho à beira-mar plantando. Isto depois de umas eleições que ninguém pediu. Com a excepção de Luís Montenegro que tinha todos os motivos para querer eleições. Os outros todos não as queriam certamente em particular os partidos políticos da esquerda. Para facilitar a leitura deste texto decidi organizar a divisão dos partidos como se fosse o texto da divina comédia de Dante Alighieri (escritor renascentista). Sem mais demoras que a introdução já vai longa vamos lá distribuir as almas/políticos pelo lugar que lhes pertencem.

O INFERNO

No Inferno tal como Dante poderíamos levar os nossos políticos para os vários círculos conforme os pecados que cada um cometeu na minha opinião. Por mim a classe política actual poderia toda arder no inferno eu à muito que eu deixei de acreditar nas boas intenções da classe política no seu todo. Mas há uns que eu sinceramente gostaria de os ver arder na chama eterna.

O BLOCO DE ESQUERDA – O Bloco de Esquerda neste artigo talvez confunda com a pessoa de Mariana Mortágua. No fundo para mim e para a maioria dos eleitores a fronteira entre a pessoa que encabeça o partido e e o mesmo é difícil de traçar. Quando o Bloco surgiu era uma espécie de lufada de ar fresco que tinha entrado pela sala a dentro da bafienta política nacional. Era preciso ter uma esquerda reivindicativa que fosse mais actual. Como não podiam ou não quiseram abraçar as causas laborais da classe operária, decidiram passar às causas fracturantes. Como os direitos LGBT as questões da melhoria de vida das pessoas dos bairros de lata e algum ambientalismo. Mas isso nunca lhes rendeu grande votação. E a prova disso é que nunca conseguiram grande implementação autárquica.

O Bloco tem um pecado original. Sempre foi urbano e burguês. Quem dirige e está na cúpula o BE nunca pegou numa enxada na vida; nunca trabalhou numa fábrica; nunca teve que se levantar às 4 da manhã para ir apanhar transportes públicos para trabalhar. O partido que era algo visto como um bocado excêntrico, começou a deixar cair as máscaras.

Primeiro foi o Robles que decidiu dedicar-se à especulação imobiliária. Depois foi o Mamadu Bá e toda a polémica do S.O.S. Racismo que mais não fez que atiçar o ódio racial sem resolver qualquer problema. E numa de fuga para a frente decidiram que atacar a PSP e as forças de segurança era o melhor. Mas a cereja em cima do bolo da hipocrisia bloquista foi o despedimento das funcionarias com contrato sem termo. Aquelas que estavam em período de aleitamento.

O povo por muito revolucionário e progressista não perdoou. E com toda a razão o povo não pode perdoar a hipocrisia e a arrogância de quem se sente iluminado. Os anos da geringonça também pesaram no juízo dos portugueses. Mas o melhor foram os últimos anos de governo de António Costa. Em que ele soube dar um pontapé nos fundilhos do BE uma vez que já não tinha utilidade nenhuma. O BE ficou como uma ameixa seca. Que só se mastiga com muito custo e empurrada com goles de água. O BE nestes últimos tempos teve que levantar bandeiras que não lembram ao careca. Com uma campanha digna de circo. Com aquele anuncio eleitoral de copia barata do filme de terror THE SHINING.

Como se o povo ainda caí-se nestas produções fictícias. E não contentes com isto foram buscar os fundadores quase à ala geriátrica para poderem ter uma votação melhorzinha.

Com que crédito é que esta gente se apresenta perante o voto.

Por pouco não festejei a saída do BE de São Bento. Sim tenho que admitir à muito tempo penso que o BE já deveria estar no balde do lixo da história.

O PESSOAS ANIMAIS E NANTUREZA (PAN) – o movimento ecologista que se transformou em partido político. Quis mudar as mentalidades por decreto. E pior não soube ler os sinais. Por muito que as pessoas gostem dos seus animais propor um SNS para animais quando o dos humanos está a cair aos bocados e não funciona. É não perceber o sentido do pensamento do povo. É não ter a noção da realidade e do país real. É viver numa bolha na estufa fria. Ainda por cima quando nas quando já no congresso de 2023 houveram acusações de limitações ao direito democrático de discutir as moções contrárias ao caminho que Inês Sousa Real pretendia. O resultado foi óbvio a deputada única foi eleita por uma unha negra. Isto porque vários militantes recusaram dar o voto a um partido que também entrou na lógica “quero;posso e mando”.

O PARTIDO SOCIALISTA – o partido político que mais foi humilhado nestas eleições. Na direção nacional todos sabiam que só por grande milagre de nossa Senhora dos Aflitos é que conseguiriam ganhar as eleições. E mesmo assim iria ser uma vitória de Pirro. Que iria estar dependente de todos os partidos. Os pecados do PS são imensos. São tantos que seria fastidioso enumerá-los todos.

Mas uma pequena lista vou deixar:

ARROGÂNCIA; PECULATO; CENSURA; BANCAS-ROTAS; FALTA DE REFORMAS NO ESTADO.

Como é que o PS caiu com tanto estrondo???

O PS está a pagar pelos seus pecados e se não arrepiar caminho está condenado à danação eterna. Como é que o partido que distribuiu dinheiro pela comunicação social, grupo Impresa; Media Capital e outros pequenos estrategicamente colocados.

Que tem a maquina do estado completamente minada de “apparatchiks” e comissários políticos nas autarquias; administração pública e sector empresarial do estado.

É fácil o PS nestas eleições sabia que não ganhava decidiu “comprar” os votos de todos.

Dos ciganos; dos imigrantes do indostânicos como se pôde ver no jantar comício no pavilhão municipal cidade da Amora (concelho do Seixal). O PS com Costa achou-se dono do pedaço. António Costa desmantelou o SEF. António Costa teve maioria absoluta, mas queria ir para Bruxelas e o caso do dinheiro na estante foi a forma de ele conseguir o que queria. Os serviços ficaram um caos; o SNS está a cair aos bocados; mas dá para pagar medicamentos de 4 milhões às amigas do filho do presidente da república; dá para o turismo de saúde de gravidas do subcontinente indiano. Mas as gravidas deste país têm os filhos nas ambulâncias porque as urgências pediátricas estão fechadas. Os professores andaram a pedir 6 anos; 9 meses e 15 dias de atraso dos aumentos salariais Costa fez orelhas moucas. A polícia levou com a vergonha de ver a PJ levar os subsídios e eles nada.

Entre outras patifarias que Costa fez ao país. Depois veio o Pedro Nuno Santos. O homem que decide pagar indemnizações por whatsupp. Que, conjuntamente com o BE zurziu a PSP por causa de uma mera operação policial na rua do Bem Formoso. O homem que negociou a GERINGONÇA. Que Costa despediu de ministro por manifesta incompetência política.

O povo não teve outra alternativa se não passar um cartão vermelho ao PS.

Restava usar o argumento SPINUNVIVA. Poderia ser um argumento válido se não viesse de um partido que teve como secretário geral José Sócrates. E o ministro da economia no bolso de Ricardo Salgado do BES.

O PS caiu com estrondo ficou abaixo do CHEGA. O mesmo CHEGA que António Costa ajudou a criar. A quem deu palco e munições e motivos para existir. As próximas autárquicas o PS arrisca perder mais câmaras municipais. E certamente que não vai ganhar Lisboa nem o Porto.

A continuar assim o PS vai alegremente a caminho do cemitério dos Prazeres para fazer companhia a Mário Soares no túmulo. Só posso desejar boa viagem. Se for preciso dou uma ajuda para o gasóleo.

O PURGATÓRIO

O PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS – vai continuar no purgatório.

Ainda tem que continuar o exame de consciência.

Continua a ter que pagar o preço de ter participado na GERINGONÇA. E de não ter sido firme na condenação de federação russa pela invasão da Ucrânia. O PCP tem que se actualizar. Tem que chegar às novas gerações. Tem que ouvir realmente o que as pessoas têm para dizer. Tem que oferecer esperança. O mundo mudou em 1989 com queda do muro. As necessidades foram mudando e o PCP não viu. A globalização atirou o proletariado fabril para outras paragens. Os funcionários públicos que eram disputados com a UGT (PS) começam a ser disputados pelo BE e muito em breve pelo CHEGA.

Ou seja, a base eleitoral do PCP está a desaparecer. Os fieis comunistas que nunca mudarão o seu sentido de voto vão morrendo. O Alentejo e a península de Setúbal que eram um feudo do PCP passaram para o CHEGA. Resultado eleger 3 deputados pode ser considerado uma vitória. Ficaram à frente do BE e resistiram. Fica a pergunta. Por quanto tempo mais????

Está na altura do politburo e o C.C. do PCP têm que vir para rua ver e ouvir o povo. Têm que investir tempo e dinheiro não basta manter autarquias. Até porque correm o risco de perder nas próximas mais uma ou outra câmara.

Já agora a greve da CP foi um tiro nos pés o povo já não vai nessas cantigas. E em particular quando os maquinistas da CP ganham 3 vezes mais que o comum dos trabalhadores do sector privado. E que necessitam desse transporte. O PCP tem que perceber que a maioria da massa de trabalhadores está no sector privado. E não goza de direitos sindicais. Não perceber isto é não ver o óbvio.

A INICIATIVA LIBERAL (I.L.) – a iniciativa liberal fica no purgatório e provavelmente nas próximas legislativas vai parar ao inferno. Não percebe que os portugueses não são um povo liberal. E que as ditas liberalizações económicas não trouxeram nenhum benefício ao povo português. A eletricidade está mais cara o gás também e os combustíveis rodoviários nem se fala. Não percebe que 90% dos portugueses precisam do SNS. Precisam dos serviços públicos. Que não querem a água privatizada entregue a companhias multinacionais como a NESTLÉ.

Podem acenar com descidas de IRS e IRC. Mas de depois vêm propor baixa do valor do salário mínimo. É não perceber a realidade. O povo português não vive todo na foz do Douro ou na linha de Cascais. A iniciativa liberal com aquele ar “beto” não convence. Não entusiasma. E talvez venha a ter alguns ganhos de causa na revisão constitucional. Mas também sofrem do pecado da arrogância. Acham que são os únicos seres que foram abençoados com a inteligência. A continuarem assim podem fazer o mesmo caminho que o BE.

O LIVRE – O partido que chegou à relativamente pouco tempo à AR e é a 5a força política. Criado pelo Rui Tavares um dissidente do BE. E provavelmente com outros tantos dissidentes. Cresceu basicamente à custa de votos tirado ao BE; PS e PAN.

A única coisa que se consegue perceber é que é um BE 2.0 mais desempoeirado menos ideológico mais pragmático. Mas apesar de ser mais agradável à vista vamos ter que esperar para ver. E espero que venham a trazer propostas realistas. A questão que Rui Tavares levanta de uma frente de esquerda quando só a AD tem mais votos que toda a esquerda junta é no mínimo risível. Mas pode ser um caminho. Vamos esperar para ver.

ÀS PORTAS DO CÉU

O PARTIDO JUNTOS PELO POVO (J.P.P.) – O partido madeirense de raízes marcadamente daquela região autónoma, chega finalmente ao grande banquete para comer à mesa com os grandes. E tudo isto com uma votação a nível nacional de 0,6%. Mas beneficiou do facto de concorrer pelo circulo da Madeira. Fica às portas do céu não entra.

Vai ter que prestar provas se consegue representar com dignidade os madeirenses e se consegue evoluir para representar os restantes portugueses.

O CHEGA – O partido mais controverso do parlamento português. Mais populista. O mais escrutinado. No qual eu só votei nas eleições legislativas de 2022 como forma de protesto, mesmo sabendo que António Costa iria ganhar com maioria.

O CHEGA cresceu 8 deputados desde a ultimas legislativas. É um partido que tem ganho com o descontentamento. É marcadamente populista. Não se pode dizer que seja de extrema-direita. Não tem estruturalmente um corpo único. É um agrupamento de várias tendências. Incorpora o descontentamento popular. Explora bem as falhas do sistema. Tem um marketing bem dirigido. Sabe falar às pessoas. Tomou como causas a segurança; emigração ilegal; as violações cometidas pelos estrangeiros; o apoio aos policias; a corrupção.

Mas atenção fazer a viagem aos E.U.A. para apoiar Donald Trump vai dar trabalho a explicar aos portugueses o porquê da inflação subir e das importações ficarem mais caras.

Da subida do custo de vida. Devidas às políticas do maluco do Trump e das suas tarifas.

André Ventura pode ser agora o líder da oposição. Mas isso vai trazer responsabilidades acrescidas. Vai ter que se lembrar que pode de repente estar na cadeira de primeiro ministro. E que vai ter que gerir orçamentos e pastas difíceis. Acabaram-se os tempos de treinador de bancada. Das tiradas e apartes para aparecer nas redes sociais e nas aberturas de telejornal. Acabou o recreio. E ou o CHEGA passa a partido de soluções responsáveis e deixa de ser partido de protesto ou está condenado a desaparecer. Com a agravante depois de subirem a fasquia da ética política ninguém vai perdoar qualquer deslize a começar pelos que nele votaram.

Da minha parte cá estarei para cobrar e combater qualquer tentativa de sabotar a democracia portuguesa.

AALIANÇA DEMOCRÁTICA (A.D) – A formação política liderada por Luís Montenegro ganhou estas eleições. Ficou com uma vantagem de 10% em relação ao segundo mais votado o CHEGA. Mas não conseguiu maioria absoluta. Nem consegue a mesma juntando-se com a IL. Vai ter que contar para o bem e para o mal com o CHEGA.

Azar, mas a culpa é exclusiva de Luís Montenegro e a sua SPINUNVIVA.

Luís Montenegro provocou estas eleições por dois motivos. Não quis ser escrutinado e estava e sofrer o desgaste político dos problemas do SNS. Mas o nosso primeiro ministro ainda não se livrou dos problemas. O ministério publico quer saber mais coisas e se o PS e CHEGA forem consequentes e honrarem a sua palavra a CPI vai para a frente. E mais uma coisa a casa da Lapa em Lisboa ainda vai dar que falar. O betão armado para aquelas obras vai aparecer a fatura. Mas não onde os portugueses estão a pensar.

Montenegro não entra no céu, nem nunca entrará. Montenegro não pode envergar a toga alva. Montenegro vai andar a ser visto à lupa. Ele que depois de resolver os problemas das classes (professores; policias e ETC. Agora não tem mais brindes para distribuir. E a maré economia está a mudar para maré baixa. Agora quem tem unhas é que toca guitarra.

Hoje fico-me por aqui com a promessa de transformar isto nas cronicas do periscópio da política. Cá estarei sempre para disparar uns torpedos no casco dos nossos políticos. Vêm por ai tempos interessantes.

Samuel Marques, Chefe de Máquinas Marítimas

(texto escrito segundo as regras anteriores ao acordo ortográfico)