O Encontro de Bandas de Música de Oliveira de Azeméis é já uma tradição, associando-se às comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. De edição em edição, unem-se todas as Bandas Filarmónicas do Concelho em torno de um evento comum, umas vezes mais convencional, outras mais arrojado.

O pensamento liberal defende a liberdade criativa, mais confiança nas instituições e a descentralização da ação pública. A edição deste ano ilustrou bem essa visão, tendo decorrido na freguesia de Cesar, uma das freguesias do concelho sem Banda Filarmónica, pelo que felicito toda a organização pela visão, qualidade, envolvência e promoção do espetáculo. Foram mais de trezentos músicos em palco, num espetáculo que contou com a colaboração do maestro e compositor Jorge Salgueiro e do ator e narrador Ricardo Carriço.

A cooperação entre as diversas entidades gera impacto positivo, sendo nesta lógica que o município deve continuar a alocar os recursos. Para além do momento de festa e convívio, o público assistiu a declamações de Camões, as bandas desafiaram os seus limites técnicos e artísticos e a comunidade viveu um momento de orgulho e valorização da sua terra. O resultado foi experienciado por quem assistiu, traduzindo-se num reforço dos laços comunitários e consequentemente numa sensação de elevação, de qualidade e bem-estar. Por outro lado, as Bandas ficam desafiadas a manter este arrojo nas próximas edições.

Em relação à edição anterior, deve-se destacar a melhoria significativa da qualidade da comida, sendo amplamente elogiada no seio dos músicos. A Câmara Municipal delegou totalmente a organização do evento, confiando nas capacidades das pessoas e instituições, ou seja, menos centralismo, mais confiança. É nesta lógica que o liberalismo é fundamental, cada um no seu papel, o Município apenas surge como entidade facilitadora, deixando toda a criatividade e espírito organizativo para as associações. Um ato com veia liberal, que espero que sirva de inspiração ao executivo municipal.

A cultura é um bem essencial numa sociedade livre. Como cidadão liberal de Oliveira de Azeméis, acredito que o papel do município deve ser reduzido ao essencial, reconhecendo e valorizando a audácia e a coragem das instituições que ousam ir além do tradicional e do previsível.

São estas expressões artísticas que educam, que aproximam gerações e que elevam o espírito cívico e cultural, características fundamentais num tempo em que o populismo e a política fácil ganham terreno.

Horácio Ferreira, Representante IL e diretor artístico da Banda Sinfónica Portuguesa