A madrugada de sábado ficou marcada por uma operação de socorro em Miranda do Douro que exigiu coragem e resistência das equipas no terreno. O incêndio que atingiu um lar da região obrigou à evacuação imediata de dezenas de utentes, a maioria com mobilidade reduzida e problemas de saúde.

O comandante dos Bombeiros Voluntários, Luís Soares, descreveu aos órgãos de comunicação social a operação como “muito complexa e delicada”, sublinhando a fragilidade dos idosos e a falta de oxigénio disponível durante o resgate. Para retirar os utentes em segurança, foi necessário recorrer a cadeiras, camas e macas, mas em alguns casos os bombeiros transportaram idosos às costas, numa luta contra o tempo e contra a escassez de ar respirável.

Um dos momentos mais marcantes ocorreu quando um bombeiro, já sem oxigénio na sua botija de proteção, carregou um idoso às costas para o exterior, garantindo-lhe a sobrevivência. Do lado de fora, os utentes foram colocados em macas e cadeiras, aguardando encaminhamento para hospitais ou outras instituições capazes de assegurar os cuidados necessários.

A operação contou com o reforço de várias corporações do Norte, numa altura em que os bombeiros já se encontram em esforço permanente no combate aos incêndios florestais que assolam o país. Para entrar no edifício tomado pelo fumo, os operacionais usaram chapas de esferovite, abrindo passagem em zonas críticas onde o ar era quase irrespirável.

A ação em Miranda do Douro deixou clara a exaustão dos meios de socorro, mas também a resiliência de quem arrisca a vida para salvar a dos outros.