
A Federação dos Bombeiros do Distrito de Setúbal reagiu esta semana à medida anunciada pelo Governo, que prevê um aumento de 25% na comparticipação diária do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR 2025), sublinhando que o apoio não corresponde a uma valorização dos vencimentos dos bombeiros, mas sim a um reforço da comparticipação prevista na Diretiva Financeira.
A estrutura federativa lembra que os elementos integrados no DECIR são, na sua maioria, voluntários, que prestam serviço de forma altruísta na proteção e socorro das populações. Apesar de reconhecer a importância da medida, aplicada num período crítico de incêndios no Centro e Norte do país, a Federação alerta necessário esclarecer se o aumento abrange todos os operacionais do dispositivo.
Para a Federação, o problema está na continuidade de apoios “pontuais”, que além de gerarem desigualdades podem criar divisões dentro da estrutura de socorro. Recorda ainda que a atividade dos bombeiros vai muito além da época dos incêndios, já que os fogos representam apenas “uma pequena percentagem” do trabalho anual desenvolvido.
Em comunicado, a Federação reafirma que os bombeiros portugueses exigem dignificação, estabilidade e reconhecimento permanente, frisando que o setor vive com défices estruturais e precisa de garantias sólidas para assegurar um equilíbrio entre o Estado e as Associações Humanitárias.
A estrutura defende a criação urgente de um Contrato-Programa entre o Estado e as Associações, ajustado a cada realidade territorial, a instituição de uma carreira para os bombeiros profissionais, e a adoção de medidas que promovam a valorização dos voluntários, assegurando também o reforço dos efetivos.
Com a preparação do Orçamento de Estado para 2026, a Federação considera que o Governo tem uma oportunidade clara para introduzir reformas que tragam estabilidade e reconhecimento aos bombeiros portugueses.
A Federação de Setúbal garante que continuará a manter uma defesa intransigente dos bombeiros e das associações, lembrando que sem estabilidade estrutural será impossível garantir a resposta que o país exige em situações de socorro e emergência.