
Caríssimos(as) leitores normalmente estes meus artigos costumam ter como título o nome do restaurante que visito.
Desta vez trago uma surpresa, que penso eu, para vós seja uma agradável surpresa.
A maior parte das pessoas nunca pensa ir almoçar ou jantar a uma Sociedade Filarmónica. Por norma pensamos sempre num restaurante ou num buffet aliás é algo que ultimamente está na moda. Ou seja, as pessoas são atraídas pela quantidade de comida “ilimitada” por um preço fixo.
Muitas vezes passamos ao lado de verdadeiras pérolas da cozinha nacional e de verdadeiros magos da cozinha.

Neste caso venho apresentar aos(as) leitores(as) o Sr. Mário Valente, um verdadeiro mestre da arte da gastronomia portuguesa. Para além de ser um mestre de sala extraordinário, sempre tentando dar um ou dois dedos de conversa e conhecer melhor os clientes.
A vantagem de podermos conhecer estes restaurantes que não fazem parte dos circuitos regulares é descobrirmos ou recordarmos algumas receitas que fazem parte da nossa vida.
Hoje em dia eu valorizo bastante os restaurantes que não deixam os tesouros da gastronomia nacional cair no esquecimento.
O ambiente neste restaurante da SFUA – Sociedade Filarmónica União Arrentelense é do mais informal possível. Das duas vezes que lá fui durante a semana, a maioria da clientela são pessoas que trabalham na zona.
É um publico da classe trabalhadora, que aprecia boa comida e a um preço que não deixa ninguém desvalido.

A ementa varia diariamente, e como sempre, há um prato do dia para quem quer comer bem e não quer esperar muito tempo. E para quem tem de esperar pelos pratos feitos na hora, como a Massada ou Arroz de Peixe, o Bacalhau à Minhota, os Choquinhos ou Lulas à Algarvia, pode sempre ir petiscando uns torresmos caseiros ou umas azeitonas bem temperadas.
Da minha parte, gostaria de destacar o RANCHO que foi um dos pratos que provei e que pessoalmente sou fã incondicional. O prato, confecionado pelo Sr. Mário, fez-me recuar até à minha juventude.

Para quem não sabe o que é o rancho, trata-se de um prato típico da culinária portuguesa originário da região de Trás-os-Montes e Alto Douro.
O rancho pode ter várias formas de ser preparado, mas a mais conhecida é à moda de Viseu, e leva diversos ingredientes nomeadamente: grão; toucinho; farinheira; couve; chouriço de vinho; batata; cenoura e massa macarrão, e consoante as zonas, estes podem ser substituídos por outros ingredientes.
É um prato de substância e que leva algum tempo a preparar, até porque o grão de bico deve ser demolhado de um dia para outro e cozido na panela de pressão, e também a preparação das carnes é normalmente feita no dia anterior.
Depois é tudo cozido na mesma panela e quando é servido, vem sempre com um caldo abundante, mas que se repararem vai desaparecendo porque a massa o absorve.
Pessoalmente considero-me um bom garfo. E cultor, muito embora amador, da gastronomia portuguesa.
Perante este Rancho, fiquei extasiado não só com o sabor como pela apresentação conforme podem verificar na fotografia.
Não é preciso ir a um restaurante estrela Michelin para poder desfrutar com o olhar de uma apresentação destas. Até porque a quantidade de comida que eu comi num desses restaurantes era para 5 doses a mais de 100 euros por cabeça e ainda por cima servidos por um empregado de nariz empinado a realizar um ritual “MISE-EN-SCÈNE” que pessoalmente dispenso muito bem.
Sou um português típico que gosta das coisas simples e autênticas e também neste aspecto o Sr. Mário não desilude, muito antes pelo contrário.
E depois nós, os portugueses, gostamos de um prato cheio. E pelo menos, que na minha geração fui ensinado a não deixar nada no prato. Acabo por estar a jogar em casa.
Mas também há outros pratos para quem não gostar do prato do dia.
Há sempre os grelhados de carne ou peixe. E nesse particular destaco os secretos de porco e lagartinhos (de porco), acompanhados da batata frita. Mas atenção são batatas fritas caseiras sem ser daquelas pré-congeladas.
E aqui fica a dica, para quem quiser descobrir este pequeno tesouro no concelho do Seixal, pelo que vou deixar-vos aqui a morada e os contactos.
E garanto que vale bem a pena a visita para saírem do vosso já habitual circuito de restaurantes.
Caríssimos(as) leitores(as) por aqui me despeço esperando em breve descobrir mais um lugar que vos possa trazer como sugestão para um lugar para um almoço ou jantar em família de amigos.
Samuel Marques
S.F.U.A – Sociedade Filarmónica União Arrentelense
Largo Germano Gil Martins, 2840-156 Arrentela – Telefone: 21 221 0853