Foi apresentado este sábado, 31 de maio, o projeto de conservação e restauro do Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, Padroeira de Portugal.

A cerimónia decorreu no interior do monumento e contou com a presença do Arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho, do presidente da Câmara Municipal de Vila Viçosa, Inácio Esperança, do Juiz da Régia Confraria, Fernando Pinto e do presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, António Ceia da Silva.

O projeto, promovido pela Régia Confraria em articulação com o município, resulta de um levantamento técnico e patrimonial exaustivo que revelou a necessidade urgente de intervenção. «Foi preciso ir a todos os locais e ver tudo: os azulejos, a pedra, a talha, as imagens, os telhados. Já que estávamos a mexer, que se fosse ao pormenor e se pusesse tudo a nu para depois se encontrarem as soluções», afirmou Fernando Pinto, sublinhando que «este é um dia histórico para o santuário», pois «ao fim de anos a tentar, conseguimos finalmente mostrar à comunidade o que é preciso fazer».

A intervenção incidirá sobretudo no interior do templo, abrangendo «todos os altares, os frescos, as pinturas, os vãos da fachada principal e os telhados», segundo o responsável. O projeto foi elaborado com a colaboração do Instituto Pedro Nunes, da Universidade de Coimbra, e envolve ainda a Direção Regional de Cultura, a Diocese de Évora, a Fundação Eugénio de Almeida e a Fundação da Casa de Bragança. «Juntámos parceiros para que, entre todos, consigamos não só apresentar como concretizar este plano», referiu o juiz da confraria, adiantando que «os valores ultrapassam os dois milhões de euros» e que «só o interior está orçado em cerca de 1,4 milhões». Fernando Pinto garantiu que «a confraria irá bater a todas as portas necessárias, com os seus parceiros, para tornar isto realidade».

O presidente da Câmara Municipal de Vila Viçosa considerou o momento «um passo importante» na preservação do património local e na candidatura da vila a Património Mundial da UNESCO. «Temos um património riquíssimo. Muito está degradado e o que ainda está bem, como é o caso deste santuário, não pode ser deixado ao abandono», afirmou Inácio Esperança, acrescentando: «Desde a primeira hora apoiámos a confraria, que tem a obrigação de conservar o edifício. Sentimos que estamos a cumprir o nosso dever.»

O autarca reforçou a importância simbólica e histórica do santuário no contexto da candidatura. «O culto a Nossa Senhora, sobretudo a coroação de 1646 por D. João IV, é um dos pontos mais fortes da candidatura. Nenhum rei usou coroa depois disso. É um ato que distingue Vila Viçosa e revela a sua importância na história de Portugal», frisou. Sobre o andamento do processo, informou que «o dossiê já está em Paris, para avaliação pela UNESCO. Agora há que preservar como se já fôssemos Património Mundial.»

D. Francisco Senra Coelho destacou a dimensão histórica, espiritual e nacional do santuário. «Cuidar do solar da Padroeira de Portugal é cuidar da história de Portugal. Estão aqui tantas marcas: umas são flores, outras são fruto; umas são suor, outras são lágrimas», afirmou. O Arcebispo de Évora enalteceu o trabalho desenvolvido e a cooperação entre instituições: «Este é um momento de esperança que se está a tornar realidade. Convergiu-se, fizeram-se acordos, mobilizaram-se vontades e também missões. É preciso realismo e qualidade nos projetos para que possam ser apoiados ao nível europeu.»

O prelado sublinhou o valor do projeto como instrumento de mobilização de fundos e como compromisso com o futuro: «O projeto é uma base de credibilidade. É um ponto de partida e um desafio. Uma corrida com muito fôlego para Vila Viçosa, Património da Humanidade.» Reforçou ainda que o mecenato já foi acionado: «O acordo está vivo. A Fundação João de Almeida, que presido, faz parte desse compromisso. Não foi arquivado. Tem sangue e coração a bater.»

A cerimónia reuniu representantes institucionais, parceiros técnicos e elementos da comunidade calipolense, com a Régia Confraria a apelar à participação pública na preservação do santuário e à mobilização coletiva em torno de um dos símbolos religiosos e históricos mais relevantes da identidade nacional.