
O azeite é um dos ingredientes mais comuns e mais utilizados nas casas portuguesas e, é comumente associado à dieta mediterrânica, conhecida como sendo das mais saudáveis.
Muitos estudos indicaram que o azeite pode ajudar a promover um sistema cardiovascular saudável. Isso se deve, em parte, às suas gorduras monoinsaturadas saudáveis para o coração. Mas há outro componente do azeite que também pode desempenhar um papel saudável para o coração: os polifenóis.
Os polifenóis são compostos vegetais poderosos que apresentam propriedades antioxidantes. Cientistas na Grécia quiseram examinar mais de perto os polifenóis no azeite extravirgem (EVOO), comparando os benefícios de dois EVOOs com diferentes níveis de polifenóis. Os resultados foram publicados na revista Nutrients.
Para a realização deste estudo, os investigadores recrutaram dois grupos de pessoas: um grupo com hiperlipidemia (níveis elevados de lípidos no sangue, incluindo colesterol LDL) e outro grupo 'saudável', sem hiperlipidemia. O grupo com hiperlipidemia tinha 24 homens e 26 mulheres com idade média de 52 anos; o grupo saudável tinha 8 homens e 12 mulheres com idade média de 49 anos.
Os investigadores dividiram o grupo com hiperlipidemia ao meio, com uma metade a receber azeite extravirgem com alto teor fenólico e a outra a usar azeite extravirgem com menor teor fenólico.
Ainda assim, o grupo que tomou o azeite extravirgem com menor teor fenólico tomou uma dose mais alta, de modo que o teor fenólico diário total de cada grupo proveniente do azeite extravirgem fosse igual.
O grupo saudável era composto por 20 indivíduos que foram pareados por sexo com os participantes dos outros dois grupos. Este grupo também tomou EVOOs com alto ou baixo teor fenólico nas mesmas dosagens que os participantes com hiperlipidemia. A razão para este grupo 'saudável' foi verificar se havia diferenças nos seus lípidos sanguíneos no final do período do estudo, que durou quatro semanas, e comparar as alterações nas análises sanguíneas do grupo saudável com as alterações dos grupos com hiperlipidemia, incluindo diferenças entre os sexos.
Todos os participantes foram instruídos a tomar o azeite com o estômago vazio para uma absorção mais rápida dos polifenóis e a continuar com a sua dieta e atividades habituais. Também lhes foi pedido que não adicionassem quaisquer suplementos ou alimentos ricos em polifenóis que não fizessem já parte da sua rotina normal.
No final das quatro semanas, 22 participantes do grupo com menor teor de fenólicos e 28 do grupo com maior teor de fenólicos chegaram ao fim do período do estudo com uma taxa de adesão de 100%. Os investigadores descobriram que o grupo com hiperlipidemia apresentou maiores melhorias nos lípidos sanguíneos em comparação com o grupo saudável.
Especificamente, descobriram que o colesterol HDL — que é o tipo benéfico de colesterol — aumentou e a lipoproteína (a), também chamada Lp(a) e semelhante ao colesterol LDL, diminuiu ligeiramente no grupo com hiperlipidemia, mas não no grupo saudável.
Embora ambos os grupos tivessem o mesmo teor diário de fenólicos do azeite, o grupo que ingeriu o AOVE com maior teor de fenólicos apresentou melhorias significativas no colesterol total no sangue em comparação com o grupo que consumiu o AOVE com menor teor de fenólicos em doses mais elevadas.
Porém, o estudo tem limitações, nomeadamente a pequena dimensão da amostra e a curta duração do estudo. o facto de os participantes serem todos da Grécia onde se cultiva um tipo específico de azeitona, e de não terem sido recolhidas informações sobre a dieta dos participantes.