O nome dispensa apresentações. Ruy de Carvalho é um ator muito premiado e com uma vida cheia de recordações. É um senhor dos palcos, da televisão e um comunicador por excelência. Nasceu a 1 de março de 1927 e começou a sua carreira como amador no teatro em 1942. “Comecei como amador, mas tive de tirar o curso de Teatro no Conservatório Nacional para passar a profissional. A formação é muito importante para um ator”, começa por recordar. Tirou um curso na área do comércio a pedido do pai, caso a carreira de ator corresse mal, mas nunca precisou de enveredar por essa profissão.

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Caso não tivesse sido ator, tinha gostado de ser médico pois também teria contacto com público, mas garante que nunca se arrependeu da escolha que fez. A vida nos palcos foi bem recebida pela família, pois já tinha dois irmãos atores. “O papel de um ator e do teatro era familiar na minha casa”, conta.

Hoje com 83 anos de carreira e 98 anos de vida continua a representar com o mesmo amor e profissionalismo de sempre. Está em cena com a peça A Ratoeira e com Ruy, Uma História de Vida, e tem ainda uma participação especial na peça Lusitânia Comedy Club. “Não me queixo. Sempre fui assim com muito trabalho”, diz. O ator explica que o segredo para se manter tão ativo é “não pensar na idade e continuar a trabalhar. Quero trabalhar até poder, até ter capacidades para o fazer, com qualidade e amor”.

Atualmente, Ruy de Carvalho é o ator mais velho do mundo no ativo e confessa que “é um orgulho. É o público que me dá energia para continuar e eu que sou uma pessoa saudável. Continuo a subir ao palco com o mesmo entusiasmo de sempre ou não o fazia. Faço-o porque gosto muito de representar e servir o público. Trabalhar aos 98 anos é a minha forma de honrar os portugueses, quando há muitos com menos idade que não querem fazer nenhum. O mal é esse. Portugal precisa que os portugueses trabalhem para ser um grande País. Portugal é um país pequenino, mas grande em qualidade.”

Ao longo de 83 anos de carreira, já recebeu vários prémios e homenagens e sente que tem o reconhecimento do público. “Já fiz muitas coisas, não sou eu que escolho os trabalhos, sou escolhido para os fazer. Gosto de fazer tudo, comédia, revista, o que for, faço o que vier. Já fiz quase tudo e as homenagens é por isso. Se eu não merecesse não me davam os prémios e vejo isso com o público que continua a encher as salas para me ver, estão quase sempre esgotadas. No final da peça quando vou ao meio do palco aplaudem-me de pé.”

A paixão pela representação é de família e o consagrado ator não esconde o orgulho do filho, João Carvalho e o neto, Henrique Carvalho seguirem o seu legado. “É uma coisa que me honra muito, o meu filho e o meu neto também representarem”, confessa.

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Texto: Neuza Silva (neuza.silva@impala.pt); Fotos: Helena Morais e Zito Colaço