Cláudio Ramos, de 51 anos, não nega que a SIC abriu muitas portas, no entanto, foi na TVI que surgiu a grande oportunidade e apresentar “formatos gigantes”. O apresentador do novo reality show da estação de Queluz de Baixo revela quem lhe deu a oportunidade que tanto desejava e por que tanto batalhou e confessa ainda se trocaria a TVI por outro canal.
TV7 Dias – Fez um caminho longo na SIC, mas foi a TVI que olhou para si como apresentador. Sente isso?
Cláudio Ramos – Não é justo dizer isso, porque eu na SIC apresentei programas que me deram gozo e sentia-me um ativo valioso, mas queria mais. Sabia que podia fazer mais. O que aconteceu foi que a TVI me deu formatos gigantes para apresentar. Foi o Nuno Santos que olhou e disse que eu seria capaz, depois mostrei do que era capaz e as coisas fluíram. Nada me caiu do céu. Fui sempre obrigado a mostrar a força do trabalho e só assim faz sentido.
Enquanto apresentador, a TVI trouxe- lhe o reconhecimento do público e dos seus pares?
Sim. Isso, sim. Atingi mais gente em formatos de palco e de horários diferentes. Subi à primeira liga da apresentação, sendo que até aqui chegar não estava nela. Tenho essa noção. Não é que seja melhor agora que há cinco anos, mas a verdade é que nós somos construídos das circunstâncias que nos rodeiam. As minhas foram estas e estou grato que assim tenha sido. Trabalhei trinta anos para estar onde estou. Não sei se os pares reconhecem ou não, mas eu não me preocupo com os pares. Eu preocupo-me comigo e com o público.
Vê a sua carreira a manter-se só na TVI ou estaria aberto a outro canal?
Eu estou muito confortável onde estou.
Já surgiu algum convite, entretanto?
Não.
“Foi o Nuno Santos que olhou e disse que eu seria capaz”
Em novembro de 2023, tornou-se parceiro televisivo de Cristina Ferreira. O que mudou, para si, na apresentação do formato?
A essência do programa é a mesma, mas a dinâmica de apresentação é outra, porque a Cristina é uma apresentadora e a Maria é outra. Eu sou o mesmo, mas uma das minhas características é ter a enorme plasticidade de ir ao encontro do bem-estar das minhas parceiras televisivas, sem me desorientar ou perder o foco. Aprendi isso desde muito cedo. Percebi que a felicidade de uma dupla e de um programa passa, primeiro que tudo, por cada um perceber o espaço do outro e entender a forma de trabalhar e o que cada um pode dar de melhor ao formato, dentro e fora do programa.
É fácil ou difícil apresentar ao lado de Cristina Ferreira, por ser quem é?
Facílimo. Devem é perguntar-lhe a ela se é fácil apresentar ao lado do Cláudio. Eu sou infinitamente mais complicado que ela. Eu gosto imenso da Cristina dentro e fora, acho que isso se nota, não sou de fazer fretes em televisão, evito-os ao máximo e se tiver opiniões contrárias digo na hora, como se nota todos os dias, e ela faz o mesmo. Aliás, discordamos imensas vezes, mas isso não faz de nós menos cúmplices ou menos amigos. Não se constrói, acredito eu, um programa de sucesso, se não existir uma boa química.
Há uma responsabilidade acrescida por ela ser diretora do canal?
Ficou muito decidido que até à uma da tarde somos companheiros de trabalho: Cláudio e Cristina. A diretora aparece, para mim, só depois da uma da tarde. Há responsabilidade, porque eu não sou idiota, mas não me condiciona.
A decisão do afastamento de Maria Botelho Moniz levou a muitas críticas por parte do público. Para si, foi um golpe também?
Trabalho nisto há muito tempo, há tempo suficiente para saber gerir estas situações. Não dependia de mim nem da Maria, foi uma decisão empresarial. Estamos numa empresa. A nossa obrigação é fazer o que for preciso para que chegue a bom porto. Não tive tempo para grandes choques, há um programa para fazer e a Maria é minha amiga de coração. Falámos sobre o assunto e a minha obrigação era fazê-la ver que ali nada dependia do talento dela, porque a Maria é ótima e todos sabemos isso. Foi uma decisão que temos de respeitar e entender.
E se amanhã lhe dissessem que terminaria para si o sonho das manhãs?
Honestamente, tentava perceber as razões, mas, talvez porque eu tenho 51 anos de idade, lidaria com naturalidade. Pode ser também por ter a noção exata que se isso acontecer não seria por incompetência minha ou falta de entrega, o que me deixaria tranquilo. Sei que há coisas que não dependem de nós e, nesse caso, não nos adianta o desgaste. Foi o que fiz quando me disseram que eu não iria apresentar o BB 2021, quando estava pronto para o fazer, e depois de ter feito com resultados e em condições muito difíceis o BB 2020. Escutei o que tinham para me dizer, absorvi e percebi desde o primeiro minuto que a decisão não dependia de mim e não se devia ao meu desempenho, era uma estratégia. A partir daí, já não está nas minhas mãos. Os programas não são nossos e o tempo é sempre o melhor amigo nestas coisas. Há dez anos pensava de forma diferente. Hoje penso assim. Amanhã não sei.
Texto: Ana Lúcia Sousa (ana.lucia.sousa@worldimpalanet.com); Fotos: Arquivo Impala