
O prémio, atribuído pela cidade de Locarno em colaboração com o festival de cinema, visa homenagear "figuras da Cultura que se destacaram na promoção da paz, da diplomacia e do diálogo entre os povos", segundo o Festival Internacional de Cinema de Locarno, num comunicado hoje divulgado.
Na 1.ª edição do Prémio Cidade de Paz, o júri decidiu distinguir Mohammad Rasoulof, "um notável criador de cinema poético e político, cuja obra explora com força e profundidade temas como a liberdade, a responsabilidade individual e a dignidade humana".
O realizador iraniano, de 52 anos, foi condenado em janeiro de 2024, em Teerão, a oito anos de prisão e a flagelação. A pena deveria ser executada em breve, pelo que o realizador decidiu fugir do país.
Nesse ano ganhou dois prémios no Festival de Cinema de Cannes - o prémio da crítica internacional e o do Júri Ecuménico - com 'A Semente da Figueira Sagrada'.
Considerado uma das vozes do cinema iraniano de oposição ao regime conservador islâmico de Teerão, juntamente com cineastas como Jafar Panahi e Saeed Roustaee, Mohammad Rasoulof pôde apresentar o filme em Cannes depois de ter fugido para a Alemanha, para evitar a pena de prisão e a flagelação a que foi condenado.
'A Semente da Figueira Sagrada' valeu também ao realizador iraniano o Grande Prémio do festival de cinema LEFFEST, em Lisboa, onde esteve a apresentar o filme e teve oportunidade de falar com o público sobre o mesmo.
Da filmografia de Mohammad Rasoulof faz parte também 'O Mal Não Existe', com o qual venceu em 2020 o Urso de Ouro do Festival de Cinema de Berlim.
A atribuir de dois em dois anos, o Prémio Cidade de Paz foi criado "para reforçar o papel de Locarno como símbolo de diálogo e coexistência pacífica, e para marcar o centenário dos Tratados de Locarno de 1925, um marco crucial na diplomacia europeia do século XX".
O 78.º Festival Internacional de Cinema de Locarno termina no sábado.
O filme 'As Estações', de Maureen Fazendeiro, fez hoje a estreia mundial no festival, onde está em competição pelo principal galardão do evento, mas também pelo Leopardo Verde, prémio destinado a obras que tenham o ecossistema em mente.
Primeira longa-metragem em documentário da realizadora, 'As Estações' foi filmada na íntegra no Alentejo, de acordo com informações da produtora O Som e a Fúria.
Na competição internacional encontra-se ainda 'Mare's Nest', de Ben Rivers, que contou com apoio do Batalha - Centro do Cinema, no Porto, onde o filme vai fazer a sua estreia nacional, em dezembro, "em sala e em exposição", segundo a instituição portuense.
Fora de competição está o documentário 'Nova '78', de Aaron Brookner e Rodrigo Areias, sobre a convenção que dá título ao filme e que aconteceu em 1978 em Nova Iorque e reuniu toda uma geração de artistas e intelectuais norte-americanos daquela era para "três dias e noites de leituras, discussões, exibições de filmes e vários tipos de performances que procuraram interagir com algumas das implicações da escrita de William S. Burroughs", como escreveu o jornal The New York Times na altura.
Já no âmbito do programa Open Doors Screenings, que acontece em colaboração com a Agência Suíça para o Desenvolvimento e Cooperação, estão os filmes 'Nome', de Sana Na N'Hada (com produção da Guiné-Bissau, França, Portugal e Angola), e 'Omi Nobu', de Carlos Yuri Ceuninck (Cabo Verde, Bélgica, Alemanha e Sudão).