
De acordo com a organização, em comunicado, o livro - traduzido para o inglês por Deepa Bashthi (a primeira tradutora indiana a ganhar o Booker Internacional) - é também o primeiro a vencer o Booker Internacional traduzido a partir do canarês, uma língua da Índia falada por 65 milhões de pessoas.
"'Heart Lamp' é algo genuinamente novo para leitores em inglês. Uma tradução radical que abana a linguagem, para criar novas texturas numa pluralidade de ingleses. Desafia e expande a nossa compreensão da tradução. Estas belas, ocupadas e esperançosas histórias emergem do canarês, misturadas com a extraordinária riqueza sociopolítica das outras línguas e dialetos. Fala das vidas das mulheres, de direitos reprodutivos, fé, casta, poder e opressão", afirmou o presidente do júri deste ano, o também escritor Max Porter.
Citado em comunicado, Porter disse que "este foi o livro que os jurados realmente adoraram, logo a partir da primeira leitura", ficando agora "entusiasmados por partilhar este oportuno e palpitante vencedor do Prémio Booker Internacional 2025 com leitores pelo mundo".
O júri foi ainda composto pelo poeta Caleb Femi, pela editora Sana Goyal, pelo autor e tradutor Anton Hur, e pela cantora Beth Orton.
De acordo com a organização do Booker, 'Heart Lamp' "conta a resiliência, resistência, sagacidade e irmandade das mulheres em comunidades patriarcais no sul da Índia".
"Desde mães duras e estoicas a avós cheias de opiniões, de maridos cruéis a crianças resilientes, as personagens femininas das histórias aguentam grandes desigualdades e dificuldades, mas permanecem desafiantes", acrescenta o texto.
Os contos incluídos no livro foram escritos por Banu Mushtaq entre 1990 e 2023, tendo sido escolhidos pela tradutora, que pretendeu "preservar a natureza plurilinguística do sul da Índia".
Quando são utilizadas palavras em árabe ou urdu estas são deixadas no original, "reproduzindo os ritmos únicos da língua falada".
Banu Mushtaq tem 77 anos, é advogada e uma das principais vozes dentro da literatura em canarês, tratando-se de uma ativista pelos direitos das mulheres e uma opositora do sistema de castas indiano.
Nenhuma das suas obras está publicada em português, incluindo o agora vencedor do Booker Internacional.
O prémio, que distingue anualmente um livro de ficção traduzido para o inglês e prevê a atribuição de um valor monetário de 50 mil libras (distribuído por autor e tradutor), foi anunciado numa cerimónia hoje à noite em Londres.