Através de uma mensagem de vídeo reproduzida na XV assembleia anual da Agência Internacional das Energias Renováveis, que começou hoje na capital dos Emirados Árabes Unidos, o secretário-geral da ONU, António Guterres, referiu que os governos devem fazer uma "transição rápida" no abandono dos combustíveis fósseis e adotar energias limpas "este ano" nos seus planos nacionais de ação climática.

Guterres notou também que os países em desenvolvimento e emergentes "estão atrasados. Estão a deixar-se ficar para trás", uma vez que, além da China, esses países apenas receberam "105 mil milhões de dólares de investimento global em energia" desde 2016.

"Os países têm de abordar as barreiras que são bem conhecidas e liderar os compromissos no futuro, em particular aumentando a capacidade de empréstimo dos bancos de desenvolvimento [...] e tomando medidas efetivas nesse sentido", sublinhou.

Por sua vez, no palco do conclave no Abu Dhabi, o conselheiro especial para a Ação Climática da ONU, Selwin Hart, referiu que o que deve ser feito "como comunidade internacional, como parceiros e como partes interessadas, é trabalhar de forma cooperante e coletiva para garantir" que se tem de "acelerar esta transição".

Hart lembrou que 2024 foi o ano mais quente desde que há registos e que o mundo está a testemunhar as "consequências do aumento global das temperaturas, dos incêndios florestais, das inundações e dos fenómenos climáticos extremos em todos os continentes, em todas as regiões".

"Este é o primeiro ano em que a meta de 1,5 graus foi excedida. Por isso, estamos em emergência", alertou numa referência à 'linha vermelha' estabelecida no Acordo de Paris, em 2015, criado para conter o aquecimento global e as suas consequências.

O mesmo responsável observou que, apesar das incertezas geopolíticas, a transição energética tem acelerado a um "ritmo sem precedente", embora também tenha notado que essa transição está muito "concentrada".

"Quatro em cada cinco dólares gastos em energias limpas desde o Acordo de Paris foram para a China e o resto das economias avançadas do mundo estão a ficar para trás. Os países em desenvolvimento enfrentam elevados custos de capital e outras barreiras. Estes obstáculos e barreiras são bem conhecidos e não são intransponíveis", concluiu.

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