O Banco Central Europeu (BCE) publicou, nesta quarta-feira, um estudo sobre a importância das garantias nos empréstimos empresariais. Da autoria de Hans Degryse, Olivier De Jonghe, Luc Laeven e Tong Zhao, o trabalho mostra que a qualidade das garantias dadas influencia não só o custo do crédito, mas também a sua duração. Pela primeira vez, o BCE quantifica que “um aumento de 1% no valor da garantia se traduz numa redução de 2 a 4 pontos base (p.B) nas taxas de empréstimo e numa elasticidade de 0,7 a 0,8 nos valores comprometidos”.

Utilizando o AnaCreditAnalytical Credit Datasets, um conjunto de dados existente no BCE que contém informações detalhadas sobre todos os empréstimos bancários individuais na área do euro – o estudo mostra que “aproximadamente 70% do volume de crédito em circulação é garantido, sendo que estes empréstimos usufruem de valores contratados 33% a 48% mais elevados e taxas de juro 10 a 18 p.b mais baixas do que empréstimos sem garantia comparáveis”.

O tipo de garantias também é relevante. O estudo revela que “os ativos financeiros são os mais frequentemente utilizados (46%), mas os imóveis dominam o valor total das garantias (53%). Os imóveis impulsionam a quantidade de empréstimos em vez do preço, enquanto os ativos financeiros proporcionam aumentos modestos no valor e taxas mais baixas”.

Para os autores, três conclusões principais emergem deste estudo:

  1. As garantias são amplamente utilizadas na área do euro: 53% dos novos empréstimos a empresas são garantidos, sendo que os volumes de crédito garantido representam uma fatia ainda maior.

  2. O imobiliário e os ativos financeiros dominam o cenário de garantias, verificando-se uma variação sistemática na forma como cada tipo de garantia se relaciona com o tipo de empréstimo.

  3. O valor acrescentado das garantias no sector bancário é substancial e impulsionado principalmente por imóveis.

As conclusões do estudo fornecem provas diretas sobre o papel das garantias: um valor mais elevado destas reduz as taxas de juro e aumenta os montantes dos empréstimos. Um facto que corrobora a visão mais abrangente de que as garantias continuam a ser benéficas para o financiamento das empresas.