Segundo a Direção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC), a despesa per capita dos turistas não relacionada com o jogo foi de 1.989 patacas (menos de 221 euros) entre janeiro e março.

Os dados oficiais mostram que a principal razão para a descida foi um aumento do peso dos visitantes que chegaram em excursões organizadas e passaram menos de um dia em Macau.

Nos primeiros três meses do ano, estes excursionistas representaram cerca de 59% de todos os turistas que entraram na cidade, em comparação com menos de 54% no mesmo período de 2024.

Enquanto este tipo de visitante gastou per capita apenas 729 patacas (menos de 81 euros), menos 10,8% do que entre janeiro e março do ano passado, a despesa dos turistas que dormiram pelo menos uma noite em Macau atingiu 3.807 patacas (quase 423 euros), menos 5,4%.

Ainda assim, a diminuição da despesa total dos visitantes não relacionada com o jogo foi menor, 3,6%, para 19,6 mil milhões de patacas (2,18 mil milhões de euros), porque o aumento do número de turistas "atenuou parte do decréscimo", disse a DSEC.

Macau recebeu entre janeiro e março 9,86 milhões de visitantes, mais 11,1% do que no mesmo período de 2024 e o segundo valor mais elevado de sempre para um arranque de ano.

"Temos cada vez mais turistas, mas o nível de consumo está a baixar", alertou, na terça-feira, o líder do Governo de Macau, Sam Hou Fai.

O chefe do executivo da região apontou para "uma mudança no modelo de consumo, a forma de visita", uma vez que "os jovens visitantes têm a sua própria maneira de fazer turismo, a experiência vai ser diferente".

Também a DSEC já tinha, em 02 de maio, apontado a "alteração do padrão de consumo dos visitantes" como uma das principais razões para a queda de 1,3% da economia de Macau entre janeiro e março.

Foi a primeira vez que o Produto Interno Bruto do território encolheu, em termos homólogos, desde o final de 2022, quando a região começou a levantar as restrições devido à pandemia de covid-19.

O benefício económico dos serviços turísticos - o setor que domina a economia de Macau - caiu 3,8% no primeiro trimestre do ano.

Em meados de abril, Sam Hou Fai lembrou que "as poupanças aumentaram" na China continental - de longe a principal fonte de turistas para Macau - apesar de o país estar em deflação (queda anual dos preços ao consumidor) há três meses consecutivos.

O líder do Governo defendeu que estes dados mostram que a população chinesa tem também "um sentimento de risco", que já vinha antes de os Estados Unidos iniciarem uma guerra comercial com a China.

Sam Hou Fai admitiu que as tarifas poderão levar os visitantes a gastarem menos, sobretudo em caso de desvalorização do renmimbi, a moeda da China continental.

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