A economia de Cabo Verde manteve uma trajetória sólida de recuperação em 2024, com um crescimento do PIB real de 7,3%, impulsionado pelo turismo e por uma recuperação moderada da agricultura. A conclusão é da mais recente Atualização Económica do Banco Mundial para o país, publicada esta semana, que sublinha também os progressos na redução da dívida pública e na queda da pobreza, que desceu para 14,4%.

Apesar dos avanços, o Banco Mundial chama a atenção para vulnerabilidades persistentes: a elevada dependência do turismo, a exposição a choques externos e os riscos fiscais associados às empresas públicas. O relatório intitulado “Desbloquear o Potencial Económico das Mulheres” defende que o crescimento inclusivo passa, necessariamente, por maior participação feminina no mercado de trabalho.

Segundo o documento, eliminar as desigualdades de género no emprego e nos rendimentos poderá aumentar o PIB de Cabo Verde em até 12,2% a longo prazo. Para atingir este objetivo, são recomendadas políticas públicas que incluam o alargamento dos serviços de cuidados infantis, regimes de trabalho flexível, combate à discriminação no local de trabalho e promoção de competências nas áreas STEM e formação técnica.

“Ao alinhar os esforços de reforma com políticas inclusivas, Cabo Verde tem uma oportunidade única para reforçar a resiliência, capacitar mais cidadãos – especialmente mulheres – e construir um futuro mais sustentável e mais justo”, afirmou Anna Carlotta Massingue, Economista Principal para Cabo Verde.

O Banco Mundial projeta um crescimento económico de 5,9% para 2025, mas alerta que choques climáticos, flutuações nos preços internacionais e incertezas globais podem afetar o ritmo da recuperação. O relatório recomenda ainda acelerar as reformas nas empresas públicas, evitar a criação de novas entidades estatais sem estudos de viabilidade e manter a disciplina orçamental.

“A recuperação de Cabo Verde é um testemunho da resiliência do seu povo e das suas instituições. Mas, para transformar esta retoma numa prosperidade duradoura e inclusiva, são necessárias reformas ousadas”, declarou Indira Campos, Representante Residente do Banco Mundial no país.

Com inflação controlada, maior execução do investimento público e excedente na balança corrente pela primeira vez em quatro anos, Cabo Verde está, segundo o Banco Mundial, bem posicionado para consolidar os seus ganhos, desde que aposte numa economia mais diversificada e inclusiva.