
"Não queremos ter de aplicar contramedidas às importações dos Estados Unidos para a UE pois consideramos que isso não é bom para ninguém. Não é bom para nós e é um ato de autoflagelação económica por parte dos Estados Unidos", reagiu o porta-voz do executivo comunitário para a área do Comércio, Olof Gill.
Questionado na conferência de imprensa da Comissão Europeia, em Bruxelas, sobre o anúncio do Presidente norte-americano, Donald Trump, o responsável salientou: "A nossa prioridade é encontrar uma solução negociada, que funcione para ambas as partes, para a UE e para os Estados Unidos e que reforce a nossa relação comercial e económica, que é, de longe, a mais valiosa e importante do mundo - queremos construir essa relação e não destruí-la".
"Acreditamos que as medidas anunciadas pelos Estados Unidos vão na direção completamente errada", acrescentou.
Garantindo uma "resposta firme, proporcionada, robusta, bem calibrada e atempada a quaisquer medidas injustas e contraproducentes dos Estados Unidos", Olof Gill escusou-se a especificar quando essa reação será anunciada ou que produtos específicos poderão ser abrangidos pelas contramedidas comunitárias.
Na quarta-feira, Donald Trump anunciou a aplicação de uma tarifa de 25% sobre todos os automóveis importados, calculando gerar com a medida, que estará em vigor a 02 de abril, receitas de 100 mil milhões de dólares (93 mil milhões de euros).
Na UE, as novas tarifas afetam sobretudo a indústria automóvel alemã.
A Associação Automóvel de Portugal disse hoje que o país não está diretamente exposto à tarifa dos Estados Unidos sobre automóveis importados dado que as exportações portuguesas se destinam sobretudo à UE, mas alertou para o "efeito dominó" na economia global.
Logo na quarta-feira à noite, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lamentou o anúncio norte-americano e garantiu que o bloco comunitário vai proteger os seus interesses, face a estas tarifas e outras que poderão surgir.
A União Europeia está a preparar-se para tensões na relação com a nova administração de Donald Trump, especialmente em relação a tarifas comerciais, dados os recentes anúncios.
Antes, o Presidente dos Estados Unidos anunciou taxas de 25% impostas ao aço e ao alumínio da UE.
Vários líderes já vieram assegurar que a UE está pronta para negociações difíceis com os Estados Unidos, mas no espaço comunitário paira a incerteza sobre a relação transatlântica, que pode ser afetada por esta nova política económica e comercial da administração norte-americana.
A Comissão Europeia detém a competência da política comercial na UE.
ANE // CSJ
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