Há novos desenvolvimentos na frente da consolidação italiana. O quarto maior banco do país, o BPER Banca, lançou uma oferta sobre o Banca Popolare di Sondrio, no valor total de perto de 4,3 mil milhões de euros. A operação proposta deve ser concretizada em ações apenas, com o proponente a emitir 29 ações suas por cada 20 do banco visado. O BPER adianta, em comunicado, que esta proposta implica um prémio de 6,6% para o Banca Popolare di Sondrio – tendo em conta os valores a 5 de fevereiro – e de 10,3%, considerando a média do último trimestre.

Por seu turno, o Banca Popolare di Sondrio já emitiu um comunicado em que nega ter solicitado esta oferta ou que a mesma tenha sido acordada previamente. O comunicado revela também que o Conselho de Administração do banco se vai reunir no dia 11 de fevereiro para discutir a oferta, tendo em conta os interesses de todos os acionistas e ‘stakeholders’, reitera.

O BPER informa, em comunicado, que pretende comprar pelo menos mais de 50% do capital do concorrente, de maneira a controlar o banco. Contudo, estão dispostos a adquirir apenas 35% mais uma ação, o suficiente para superar o controlo do rival. Ambos os bancos têm como acionista principal a seguradora Unipol.

Segundo a Agência Reuters, citando dados da LSEG, o BPER está avaliado em cerca de 9,74 mil milhões de euros. Este banco apresentou recentemente um lucro de 1,4 mil milhões de euros em 2024. O Banca Popolare di Sondrio totaliza apenas 4,17 mil milhões de valor de mercado, tendo alcançado um lucro de 575 milhões no ano passado.

O CEO do BPER, Gianni Franco Papa, vê aqui uma oportunidade de “criar um grupo bancário líder em Itália, com dois bancos complementares que têm modelos de negócio coerentes e valores partilhados”. O líder do banco acredita que a entidade resultante da fusão será “mais sólida, mais forte e com uma oferta mais alargada de produtos e serviços em benefício dos clientes”. A instituição argumenta que esta aquisição está em linha com o plano industrial B Dynamic | Full Value 2027 da empresa.

Olhando para o futuro e os possíveis frutos desta fusão, o BPER conta atingir, em 2027, um lucro superior a 2 mil milhões de euros. Este valor resulta daquilo que o banco acredita serem sinergias entre as instituições que poderiam ser maximizadas. Desta forma, ambos os bancos teriam um crescimento do seu potencial, defende, com um “aumento da criação de valor”, enquanto se reduz os custos sociais e o perfil de risco para todos os ‘stakeholders’.

Para esta nova entidade resultante da fusão, o BPER espera dar continuidade a uma política de remuneração elevada dos acionistas. Mais especificamente, o banco quer um RoTE de cerca de 15% em 2027, um rácio CET1 acima de 15%, com um perfil de risco sólido e uma qualidade de ativos acima da média dos concorrentes, explica. Destaca também o aumento de investimento em objetivos ESG, de forma a atingir um “crescimento sustentável e inclusivo”.

A entidade proponente esclarece que a rentabilidade desta fusão provém também sinergias nas receitas de aproximadamente 100 milhões de euros por ano antes de impostos e ainda sinergias associadas aos custos que podem ascender a 190 milhões de euros por ano antes de impostos.

O BPER pretende ter a oferta concluída na segunda metade do ano, com a integração total atingida até ao fim de 2025. Todo o processo estaria dependente das aprovações regulatórias das autoridaes. A empresa estime que os custos da operação de integração totalizem cerca de 400 milhões de euros, com 300 milhões a serem gastos em 2025 e o restante em 2026.

Há um conjunto de fatores benéficos que o BPER enumera como argumentos para esta fusão. Em primeiro lugar, aparece a valorização para os acionistas, que, de acordo com o banco, iriam beneficiar de uma performance empresarial mais forte e uma posição de capital mais sólida. Do lado dos clientes, estes iam ter acesso a mais produtos e serviços, com um fortalecimento dos serviços de apoio ao cliente, especialmente para famílias e PME. O banco vê também potencial na entidade resultante de contribuir para as comunidades dos sítios onde estiver presente e também de aumentar o seu investimento em ESG, promovendo crescimento sustentável.

Recorde-se que esta é já a quinta oferta vinda de bancos italianos desde setembro passado. Começando pelo Unicredit a querer apoderar-se do Commerzbank, rapidamente se seguiu a oferta do mesmo banco pelo rival italiano BPM. O banco Ifis juntou-se a esta saga ao lançar uma oferta sobre o Illimity e, mais recentemente, o Monte dei Paschi di Siena fez mira ao banco de investimento Mediobanca.