O BBVA está a adotar o caminho judicial para descomplicar o processo de aquisição do rival Banco Sabadell. A instituição basca submeteu, no dia 15 de julho, um recurso para o Supremo Tribunal de Justiça de Espanha com o intuito de contestar as condições impostas pelo Governo de Pedro Sánchez ao negócio em questão.

O banco garante que esta ação não vai influenciar o normal decorrer do processo, seguindo as duas em frente ao mesmo tempo, informa o espanhol elEconomista, citando fontes do banco. Após a autorização do regulador de mercados de Espanha, o BBVA está agora a preparar uma atualização à oferta, dando, assim, início à Oferta Pública de Aquisição (OPA) que anunciou em maio de 2024.

Recorde-se que o Governo de Espanha aprovou a fusão entre os dois bancos, mas colocou condicionantes. Entre elas, destaca-se o impedimento da fusão propriamente dita durante os primeiros três anos. Ou seja, caso a OPA seja bem-sucedida, o BBVA e o Sabadell vão ter de se manter entidades com personalidade jurídica distinta, ativos distintos e autonomia própria. Esta inibição é ainda prolongável por mais dois anos.

O executivo espanhol considera que atuou dentro dos limites da lei, apesar de estar em curso, de momento, um processo aberto pela Comissão Europeia contra Espanha, precisamente pelo condicionamento do negócio. A própria comissária europeia responsável pelos Serviços Financeiros, Maria Luís Albuquerque, já comentou publicamente que apenas se podem pronunciar sobre fusões bancárias o Banco Central Europeu e a Autoridade da Concorrência do país em questão.

Para o BBVA, o atraso da fusão complica as contas, que inicialmente previam 850 milhões em ganhos devido a sinergias entre as instituições. O banco ainda não divulgou uma atualização a este respeito.

A oferta do BBVA sobre o Sabadell foi lançada em maio de 2024 e já teve uma atualização, fruto das distribuições de dividendos dos bancos. Recentemente, o Banco Sabadell aprovou, em assembleia de acionistas, a venda da subsidiária britânica TSB ao Banco Santander e um consequente dividendo extraordinário de 2,5 mil milhões. O banco tem levado a cabo vários esforços para que os acionistas não venham a trocar as suas ações ao abrigo da OPA.

Por sua vez, o BBVA já veio reiterar que continua interessado na compra, apesar de todos os obstáculos e da venda mencionada.