Os manifestantes pró-Palestina impuseram-se na 11.ª etapa da Vuelta. Uma corrida com percurso desafiante de 157 quilómetros com partida e chegada a Bilbau, semelhante a uma mini clássica basca, com uma sucessão de colinas íngremes ao redor daquela cidade, que acabou por ser neutralizada, pela organização, a três quilómetros da meta, sem atribuição de vencedor ou classificação.  

A decisão surgiu após incidentes envolvendo vários manifestantes pró-Palestina junto à meta, que já estiveram perto de derrubar as barreiras durante a primeira passagem dos corredores na linha de chegada, a 40 quilómetros do final.   

A dupla ascensão do Alto del Vivero (4,3 km a 7,9%), mas especialmente o temível Alto de Pike (2,1 km a 9,2%), a menos de 10 km da chegada, prometiam batalha pela vitória e pela classificação e motivou a Visma-Lease a Bike a controlar a corrida durante toda a etapa, denunciando as intenções de Jonas Vingegaard. Mas os planos da equipa neerlandesa de colocar o seu líder e camisola vermelha em condições de triunfar saíram gorados, após a decisão da direção da prova, mas permitiram ao dinamarquês ganhar 12 segundos a João Almeida, para 50 totais, na luta pelo primeiro lugar da geral.   

Primeiro, Vingegaard ganhou dois segundos ao português na contagem de montanha bonificada do muro de Pikes, ao passar na segunda posição (ganhando quatro segundos extra, à frente de João Almeida, que recebeu dois por ser terceiro) atrás de Tom Pidcock, que desfez o grupo dos melhores com o ataque explosivo a oito quilómetros do final.

Vingegaard foi o único capaz de responder ao britânico da equipa Q36.5, ainda que tivesse cedido alguns metros no cume da subida, que recuperou no início da descida para Bilbau, isolando definitivamente os dois corredores na frente da corrida.  

Na perseguição ao duo, com apenas cinco quilómetros por percorrer até à tomada de tempos, um quarteto integrando João Almeida, Jai Hindley (Red Bull), Matteo Jorgenson (Visma) e Felix Gall (Decathlon), que não foi capaz de fechar a desvantagem e perdeu 10 segundos na meta antecipada (virtual). Somando-os esse prejuízo ao de dois segundos cedidos em Pikes, o português viu aumentar para 50 a desvantagem para Vingegaard na classificação geral. Em contraponto, Almeida ascendeu à segunda posição da geral, superando o norueguês Torstein Traeen, que voltou a não conseguir acompanhar os melhores no final da etapa.

Tom Pidcock sobe ao terceiro posto, a 54 segundos da camisola vermelha, mas lamentou ter ficado impossibilitado de lutar pela vitória. «É difícil descrever a desilusão. Senti mesmo que era o meu dia e, para mim, deveria haver sempre uma meta», lamentou Tom Pidcock. «Sabia que os tempos seriam tomados aos 3 km, mas não sabia exatamente onde. Estava concentrado em colaborar com o Jonas Vingegaard e nem me apercebi quando passámos pelo local [da meta virtual]», afirmou.  

«A organização fez o que pôde para nos manter seguros, e não quero entrar em questões políticas, mas é um pouco assustador passar pelos manifestantes. Colocar os corredores em perigo não vai ajudar a causa dos manifestantes. Todos têm o direito de protestar, mas este não é o caminho correto», relatou o britânico. 

«Tinha uma boa hipótese de ganhar. Não estou a dizer que teria ganho, mas é uma desilusão e não devemos desperdiçar energia com isso, ainda há um longo caminho a percorrer nesta Vuelta», concluiu Pidcock. 

Na quinta-feira, a 12.ª etapa vai ligar Laredo a Los Corrales de Buelna, ao longo de 144,9 quilómetros, numa etapa com duas contagens de montanha, uma das quais de primeira categoria, a pouco mais de 20 quilómetros da meta.