No alto da Torre, o ar é fino, mas as emoções são densas. Jonathan Caicedo (Petrolike), vencedor do dia, tinha razões para encher os pulmões: «No ano passado, fraturei a clavícula logo no início desta etapa. Hoje foi a recompensa. Sofri com o calor lá em baixo, mas sabia que acabava em altitude e tinha de aproveitar». Foi a vitória de quem conhece a dureza da espera e o sabor do regresso.

Gonçalo Leaça (LA Alumínios), herói da fuga, liderou durante quilómetros e ainda sonhou com o triunfo, até Caicedo passar por ele como um raio: «Tentei tudo, mas no final foi terceiro. Fizemos tudo o que podíamos e saímos orgulhosos».

Já Jesus Peña (Tavira) chegou exausto e sem ar, com o olhar de quem percebeu que a Volta mudou de mãos. «Foi complicado, com três da Anicolor na frente, todos a olharem para mim. Tentei minimizar danos, mas agora até defender o pódio vai ser difícil. Talvez tenhamos imposto um ritmo demasiado forte desde o início».

Nas classificações secundárias, Hugo Nunes (LA Alumínios) defendeu a liderança da montanha - «Ainda não está ganha, mas está bem encaminhada» - e Lucas Lopes (Rádio Popular-Boavista) manteve a camisola branca de melhor jovem, apesar de uma quebra nos últimos quilómetros - «fisicamente não estou como queria, mas ainda falta o Montejunto».

A Torre não perdoa. Uns saem com o peito cheio, outros com as pernas vazias. Mas todos sabem que, nesta Volta, ainda há estrada e drama suficientes para virar tudo de pernas para o ar.