O ataque do Benfica para a nova temporada ainda não está fechado e a imprensa nacional aponta Mohamed Amoura, avançado do Wolfsburg, como alvo das águias numa transferência que pode ser investimento recorde para o clube e para o futebol português como um todo.
É nesse contexto que o zerozero olha para o potencial sucessor de Akturkoglu e procura melhor entender quem é e como pode encaixar na Luz. O internacional argelino segue um caminho semelhante ao de Ivanovic, mas tem mais de Rafa no seu perfil e traz uma versatilidade que pode servir na perfeição, a partir da esquerda e não só, a flexibilidade tática que Lage aparenta querer impor... Venha connosco!
Mais um produto da escola de avançados de Saint-Gilles
É mais um nome com selo Royale. Quem ainda não está familiarizado com o Union St. Gilloise e o seu projeto, tem no mercado do Benfica uma oportunidade de esclarecimento sobre um histórico reemergente, que se sagrou campeão por 11 vezes até 1935 mas só em maio, 90 anos depois, festejou o seu 12º título na Bélgica.
Desde o regresso ao principal escalão, o emblema dos arredores de Bruxelas tem sido competitivo a nível doméstico e europeu, mas tem, acima de tudo, construído uma boa reputação enquanto palco de crescimento e afirmação para jovens jogadores, que são adquiridos por valores baixos, potenciados e vendidos por valores superiores. Os avançados têm sido os principais beneficiadores deste modelo.
Que o diga Franjo Ivanovic, que já rumou a Lisboa este verão e mostrou impacto imediato depois de apenas um ano em Saint-Gilles, à semelhança do que tinha acontecido há dois anos com Victor Boniface, artilheiro vendido ao Leverkusen por 22,6 milhões de euros, e há um ano com... Mohamed Amoura, que custou 17,75 milhões (três pelo empréstimo e 14,75 pela transferência definitiva, consumada já este verão) ao Wolfsburg.
Dos três nomes acima referidos, Amoura foi o que registou melhores números na temporada singular que passou na Bélgica: 21 golos e sete assistências em 45 jogos.
Polivalência e mobilidade são as maiores armas
Se na Bélgica se assumiu como ponta de lança goleador mesmo com uma moldura franzina (170 centímetros de altura), a temporada de estreia na Bundesliga alemã serviu de oportunidade para demonstrar maior polivalência. Os números não perderam a graça: 10 golos e nove assistências em 34 jogos.
Continuou a atuar como ponta de lança na maior parte dos jogos, mas fê-lo quase sempre em parelha com um avançado mais alto e robusto (Wind ou Lukas Nmecha) e atuou também como extremo esquerdo em mais de uma dezena de jogos, especialmente quando os lobos foram a jogo com um trio de ataque.
Este detalhe permite a Amoura não só entrar na batalha com Pavlidis e Ivanovic, que já integraram o mesmo onze, mas também assumir-se como um válido sucessor de Kerem Akturkoglu, já que o habitual titular à esquerda do ataque encarnado está cada vez mais perto de um regresso ao futebol turco. Uma arma forte para Lage, que parece determinado a ter uma maior variabilidade de sistemas.
Mas, afinal, como joga? Amoura é um atacante bastante completo, mas a principal arma que oferece à sua equipa é a mobilidade. Seja no corredor central, esquerdo, ou no liminar entre ambos, o argelino encontra sempre espaço para receber em condução e encarar os adversários antes de armar um remate ao poste mais distante ou um passe para finalização. Defensivamente é suspeito nos duelos, mas compensa-o com o esforço que coloca sem bola e que o permite mesmo assim recuperar a posse várias vezes através de interceções e bloqueios.
Os riscos na contratação de Amoura
Chegando à Luz, o atacante tem condições para se assumir como uma das figuras da Liga Portugal Betclic, mas tem, também, a responsabilidade de o ser. É o tipo de expectativa que vem associada a um valor potencialmente superior aos 30 milhões de euros.
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0 E é certo que Amoura teve sucesso em todos os clubes por onde passou - representou ainda o Lugano (Suíça) e o ES Sétif (Argélia) - mas a nenhuma contratação desta magnitude existe sem riscos associados...
A idade, desde logo. Embora os 25 anos sejam a transição entre a perceção de juventude e de auge de um jogador, o potencial de uma venda superior a este investimento inicial vai cair por cada ano que passe. Há também preocupações a nível da personalidade desde as agressões trocadas com um colega de equipa no fim da última temporada - um incidente isolado na carreira do alvo das águias. Por fim, a Argélia está qualificada para a CAN e por isso o Benfica não poderá contar com o jogador em dezembro e janeiro, meses potencialmente decisivos.
Tudo somado, os prós são evidentemente superiores aos contras. Ainda assim, a questão fica no ar: será Mohamed Amoura o jogador certo para fechar o ataque das águias?