
Numa época com final feliz mas conturbada pela presença de três treinadores ao leme, o título alcançado pelo Sporting teve o enorme contributo de Gyokeres (pelos muitos golos, 39 e esplendorosas exibições), mas importa salientar a importância decisiva de Francisco Trincão para o bicampeonato alcançado pelo clube.
O extremo de 25 anos foi o jogador que mais golos fabricou na prova, sendo fundamental nas transições ofensivas pela capacidade técnica — um pé esquerdo que faz maravilhas como ainda há dias se viu na final da Taça de Portugal (António Silva que o diga…) — visão de jogo e inteligência de um esquerdino que após ter sido o maior criador de golos na Liga 2019/2020 ao serviço do SC Braga — o que o levou a ser contratado pelo Barcelona por 31 milhões de euros aos 20 anos — volta assim a ocupar o topo dos criativos do campeonato.
O minhoto que entre 2020 e 2022 cresceu e maturou com os 63 jogos feitos por Barcelona e Wolverhampton e chegou a Alvalade no verão de 2022 pelas mãos de Rúben Amorim (que o treinara em Braga), esteve na criação — participação direta em lances terminados com a bola nas redes adversárias alargando o conceito de assistência (tão-só o passe final para o marcador) — de 25 golos, com dois deles a serem por si concluídos, somando entre esses 14 assistências, pelo que foi também o melhor da Liga neste capítulo. Estranhamente, ou talvez não, metade desses golos (13) surgiram nas primeiras 11 jornadas com Amorim ao comando…
Contando com os nove golos apontados verifica-se que Trincão esteve diretamente ligado a 32 dos 88 obtidos pelos leões, ou seja, teve influência em 36 por cento dos remates leoninos com êxito na Liga (naturalmente abaixo dos bem mais de 50 por cento do intratável Gyokeres!).
O extremo sucede ao sueco, vencedor em 2023/2024 e passa a incluir uma galeria de notáveis criativos que ganharam por mais que uma vez e onde brilham o dragão Drulovic (conquistador de quatro triunfos seguidos entre 1996 a 1999) e trivencedores como Balakov, Deco, Ricardo Quaresma e Nico Gaitán.
Presente em todas as jornadas da Liga — os 2956 minutos disputados valeram-lhe o 5.º lugar dos jogadores com mais tempo em campo — esteve no desenho de 20 golos em lances de bola corrida, foi carregado num penálti cometido por Tchamba na vitória sobre o Casa Pia em Rio Maior (3-1), um seu remate foi parado pelo braço de Bucca (E. Amadora) para penálti, apontou dois pontapés de canto para os únicos golos de Diomande na prova e sofreu falta para um livre indireto concluído com êxito. Gyokeres bem lhe pode agradecer 12 golos (!), tendo Daniel Bragança, Conrad Harder e Geny Catamo obtido dois com a sua contribuição.
Numa classificação que se obtém dando um ponto a cada participação direta na criação de um golo (com a falta para penálti concretizado a valer ponto e meio) o pódio é completado ex aequo por Kokçu e Gyokeres, com o médio turco a não sofrer qualquer falta para castigo máximo ao contrário do sueco que esteve na origem de quatro pontapés dos 11 metros.
Destaque ainda para o 5.º lugar do jovem Geovany Quenda logo seguido por Nico González, num grande desempenho (e se calhar pouco enfatizado) do médio portista só presente em 18 jornadas ao partir em janeiro para o Manchester City.
Félix Correia cantou de galo
O topo da tabela dos maiores criadores da Liga voltou a ser hegemonicamente ocupado por jogadores dos quatro grandes, com Félix Correia a ser o primeiro fora do quarteto que mandou na classificação. O extremo gilista foi 10.º ao fabricar 13 dos 34 golos do Gil Vicente e ao participar na criação de 38 por cento dos tentos da formação de Barcelos foi o jogador com mais significativa contribuição, em percentagem, para a construção de golos de uma equipa na competição.
Entre os jogadores da classe média do futebol português merecem ainda referência Alanzinho (Moreirense), o casapiano Nuno Moreira (foi um dos destaques da Liga até à 22.ª jornada quando foi contratado pelos brasileiros do Vasco da Gama) e o duo famalicense Gustavo Sá e Sorriso.
Uma menção final para os dois defesas laterais incluídos na lista dos maiores criadores de golos: Álvaro Carreras (Benfica) e Francisco Moura (Famalicão/FC Porto), que canalizaram muito jogo ofensivo pela ala esquerda.