Era um rapaz deslumbrado o único israelita da equipa da Israel, o conjunto que tem dominado em absoluto a Volta a Portugal. Na zona de entrevistas rápidas, olhava com estranheza para o ecrã que se encontrava ao lado dele sintonizado na transmissão televisiva onde ele mesmo, Rotem Tene, estava a aparecer. “É muito fixe!”, dizia ao jornalista no meio do alívio por conseguir a primeira vitória profissional da carreira. “Estou nesta modalidade há muito tempo. A este ponto, não sabia se merecia ganhar.”

O tempo perdido a achar-se que esta seria uma etapa decidida num sprint tradicional talvez fosse considerado mal gasto na hora em que aquele último quilómetro começasse a dificultar a progressão das rodas encalhadas numa subida.

Iúri Leitão trazia a etapa 5, com chegada a Viseu, marcada como a grande oportunidade de brilhar numa Volta a Portugal “muito dura e desgastante”. Nessa circunstância, não foi além do terceiro lugar e aspirava, na etapa 8, “ter o que é preciso” para ganhar num falso plano. Porém, não chegou a Santarém, abandonando a corrida que considerou estar a ser o “momento mais feliz deste ano” com a camisola da classificação por pontos vestida.

Antes do momento dos velocistas ou semi-velocistas, Hugo Nunes assegurou o título de trepador mor da Grandíssima. Apenas terá que chegar a Lisboa. Começou aí uma outra corrida.

Detratores de uma chegada junto de gente mais explosiva, Gonçalo Amado e Ángel Sánchez, que já estavam na fuga do dia, esgueiraram-se ainda mais. A Efapel Cycling mordia-lhes os pneus estorvada pela Aviludo – Louletano. Tomas Contte e Joaquim Silva, no meio da discórdia, tocaram-se em nova demonstração de que o desportivismo não abunda na Volta a Portugal.

No entanto, um grupo com 25 capacetes acabou por decidir a corrida entre si. As equipas com mais do que um elemento iam tirando partido da vantagem numérica. German Nicolás Tivani parecia ter sob o controlo os repelões da concorrência, mas o israelita Rotem Tene saiu da área de jurisdição do argentino e venceu no photo finish. Assim, a Israel Premier Tech B – já tinha vencido duas vezes com Brady Gilmore e uma com Pau Martí – consolidou o domínio na Volta a Portugal.

O camisola amarela, Artem Nych, demorou mais 2:24 face ao primeiro classificado da etapa. Nada que importune o russo que continua a liderar a classificação geral com 46 segundos de vantagem face a Alex Guerin.