Ídolos, quem não os tem? Vivem no imaginário, nas cadernetas de cromos, nas paredes do quarto, numa sortuda carta assinada. E vivem, vivem... A infância cria-os, a adolescência fortalece-os, o vida adulta compreende-os. Há quem diga para nunca conhecermos os nossos ídolos. Tudo pode ficar comprometido. Podia ser o caso de Mbappé - aparentemente, não o é.

Cristiano Ronaldo é o número 1 para tantos e tantos milhões. Kylian Mbappé é um deles, qual gota num imenso oceano. Esta sexta-feira, há novo encontro numa história de enorme respeito mútuo e com vários capítulos.

Será o último? A tendência é dizer que sim, mas com a longevidade por português...

@Instagram / Kylian Mbappé
Pois bem, tudo começou bem antes do qualquer encontro no relvado. Adepto confesso do Real Madrid, não seria muito difícil escolher o seu ídolo há cerca de 15 anos. Durante a adolescência, aos 14 anos e a convite de Zidane (que já na altura tinha sido alertado para o talento emergente do jovem), uma tour a Valdebebas permitiu-lhe estar com Cristiano pela primeira vez. Tudo bem documentado pelo aspirante a futebolista nas suas redes sociais.

O crescimento físico de Mbappé acompanhava a consolidação mundial de Cristiano Ronaldo. Obviamente, não ficaram com relação logo nessa primeira conexão. Mas essa existiria mais tarde.

O primeiro abraço em campo @Getty /
Em campo, já depois da explosão do francês no Monaco, que o levou a uma transferência megalómana para o Paris SG - onde escolheu a 7 assim que Cavani saiu, sendo óbvio o porquê. Oitavos de final da Liga dos Campeões, um Real Madrid bicampeão europeu e a caminho da terceira Orelhuda seguida derrotou os franceses por duas vezes: 3-1 em Madrid, com bis de Cristiano, 1-2 em Paris, com outro do português.

Passaram três anos e tanto mudou... Mbappé foi campeão do Mundo, Cristiano mudou-se para Turim e ganhou a Liga das Nações e ambos foram colecionando outros títulos e muitos golos. Ambos sentados na mesa dos maiores, tiveram mais capítulos bonitos, para além das várias declarações em entrevistas que atestam a admiração contínua: «É o meu ídolo, a sua capacidade de trabalho inspira-me constantemente.»

Sem público e com muitas máscaras pelo meio, o mais cinzento dos jogos daria num teimoso 0-0 entre seleções, para a Liga das Nações. Deu mais jeito a Portugal, se bem que os franceses - sem Mbappé - ganhariam depois em Alvalade, o que foi determinante para seguirem em frente.

Mais a sério, seria num Mundial que novo encontro se voltaria a dar. Mbappé já aí chegava como campeão do Mundo, só que nem por isso conseguiu ser o Aprendiz que destrona o Mestre. Novo empate, agora 2-2 em Budapeste, com o bis do português do costume - do outro lado, foi Benzema a bisar.

Vamos a contas: quatro jogos, duas vitórias para Cristiano, dois empates, cinco golos do português, nenhum do francês.

Ascendente? Nos números talvez, na postura não. Basta ver a outra face da moeda.

Damos dois exemplos. Primeiro, o facto de Cristiano ter revelado o seu filho mais velho a usar uma camisola de Mbappé. Cristiano Ronaldo Jr. é admirador do francês e já o assumiu, numa espécie de passagem de testemunho invertida.

Depois, o momento da apresentação de Kylian Mbappé como novo jogador do Real Madrid - onde vai ser o 9, tal como um tal de Cristiano quando aí chegou. Nas redes sociais, o comentário em destaque é o do português: «É a minha vez de ficar a olhar. Entusiasmado por te ver iluminar o Bernabéu. Hala Madrid!»

O futebol aplaude!