Durante o Mundial de Clubes o jornal A BOLA conta-lhe, diariamente, uma curiosidade relacionada com um dos clubes participantes na primeira edição desta nova versão da prova.

A final da Liga dos Campeões Africanos de 2019 ficou gravada na história do futebol. Não pelos golos, nem pelo espetáculo dentro das quatro linhas, mas por um episódio insólito. O jogo, que colocou frente a frente o Espérance Tunis, da Tunísia, e o Wydad Casablanca, de Marrocos, tornou-se símbolo... de tudo o que pode correr mal num evento desportivo.

31 de maio de 2019. Estádio Olímpico de Radès, na Tunísia. Segunda mão da final. O Espérance vencia por 1-0 (2-1 no agregado), quando, aos 60 minutos, o Wydad marcou um golo que poderia mudar o rumo da história. No entanto, o lance foi anulado por alegado fora de jogo, decisão que os jogadores marroquinos contestaram de imediato. Com a certeza de que o vídeo-árbitro reverteria o erro, exigiram a revisão da jogada. Mas a resposta foi desconcertante: o VAR não estava a funcionar. 

A incredulidade espalhou-se pelo relvado e pelas bancadas. Os responsáveis alegaram uma «falha técnica», mas a realidade era ainda mais surreal: o VAR nunca chegou a estar operacional. 

Durante mais de uma hora, os jogadores do Wydad recusaram-se a retomar a partida enquanto o lance não fosse revisto. Do outro lado, o Espérance esperava pacientemente, mas com impaciência crescente. Os árbitros e delegados da Confederação Africana de Futebol (CAF) foram pressionados de todos os lados. A tensão aumentava, o jogo estava parado e o caos instalava-se. 

Sem consenso, o árbitro decidiu terminar o encontro. O Espérance foi declarado vencedor e campeão africano, recebendo o troféu em clima de profunda contestação. A cerimónia de entrega dos prémios aconteceu enquanto os marroquinos, ainda em campo, protestavam contra a decisão. 

No dia seguinte, a controvérsia explodiu em proporções continentais. A CAF, pressionada pela indignação geral, decidiu intervir: anulou a vitória do Espérance e ordenou que a final fosse repetida em campo neutro, com o VAR em funcionamento. O escândalo era total. 
 
O caso arrastou-se por meses nos tribunais do desporto, incluindo o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS). O Espérance alegou que não tinha culpa das falhas técnicas e que cumprira o regulamento. O Wydad insistia que lhe fora negada justiça desportiva. 

Só em agosto de 2019, depois de uma longa batalha judicial, o TAS decidiu: o Espérance Tunis seria oficialmente confirmado como campeão africano de 2019. O troféu que já tinha sido entregue meses antes passava, finalmente, a ser legítimo. Mas a mancha no prestígio da competição e da própria CAF já estava irreversivelmente instalada. 

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