
Ainda é cedo para tirar conclusões ao projeto de renovação do FC Porto, que não tinha vencido nas duas anteriores visitas a Barcelos, mas que, na época passada, só escorregou à quarta jornada, e frente ao Sporting, a quem tinha conquistado a Supertaça. Mas há sinais positivos, evidentes, na intenção de recuperar a chama com Francesco Farioli, e a vitória sobre o Gil Vicente veio dar corpo a uma mensagem importante: para reanimar, o FC Porto não precisa apenas de sangue novo. Será indispensável valorizar também algo do que já tinha dentro, daquilo que só precisava de um novo procedimento.
Embora empenhado em agarrar cedo no jogo, o dragão teve de ser paciente para contornar um galo bem organizado. Com um bloco coeso e relativamente subido, o Gil Vicente de César Peixoto procurou condicionar a primeira fase de construção da equipa de Farioli, por vezes até num 4x2x4 que forçava um jogo de paciência à espera de linhas de passe. O FC Porto teve algumas aproximações à baliza de Andrew nos minutos iniciais, mas os espanhóis Gabri Veiga e Borja Sainz geraram tanto perigo quanto o livre direto de Bermejo, do lado oposto, que nem chegou a incomodar Diogo Costa.
Foi de bola parada, na sequência do primeiro pontapé de canto do encontro, que o FC Porto chegou à vantagem, ao minuto 20. Victor Froholdt, que já se destaca como elemento mais dinâmico, desviou de cabeça ao primeiro poste, mesmo de costas para a baliza.
O golo exponenciou o renovado dragão, personalizado por Pepê, que cruzou para o remate por cima de Samu e depois atirou rasteiro a rasar o poste, de seguida. Mas na mesma medida em que cresceu com a vantagem, o FC Porto viu-se abalado emocionalmente pela lesão do ponta de lança espanhol, à passagem da meia-hora.
Enquanto Samu - rendido por Luuk de Jong - chorava no banco e Nehuén Pérez era assistido a uma ferida no joelho esquerdo, o Gil Vicente ganhou fôlego para mostrar capacidade de reação. Criou quatro situações de perigo no último quarto de hora da primeira parte, e numa delas até viu Froholdt (sempre ele) intercetar uma bola que seguia na direção da baliza – ainda que a baixa velocidade -, desviada por Buatu na cara de Diogo Costa, após livre estudado.
Luís Esteves falhou duas vezes o empate, de resto, e o Gil Vicente foi para o intervalo com um resultado que fez por contrariar.
Já o FC Porto, por seu lado, entrou na segunda parte com vontade de trancar o triunfo. Não tanto pelo pontapé de saída arrojado, com nove jogadores na linha de meio-campo, mas sobretudo pelo 2-0 festejado 80 segundos após o apito do recomeço, numa jogada construída por dois jogadores que ainda há pouco tempo estavam na porta de saída: Zaidu , novidade única do onze de Farioli, aproveitando a lesão de Martim Fernandes - o regressado Francisco Moura ficou no banco - foi à linha de fundo e cruzou para a conclusão de Pepê.
O galo não mais conseguiu cantar, silenciado também pela falta de acutilância na frente, onde Pablo até acabou por sair, com limitações físicas.
Esteve mais perto o FC Porto do 3-0, já em período de compensação, com um remate de Rodrigo Mora que saiu a centímetros do poste. William Gomes voltou a ser o eleito para substituir Borja, mas desta vez o avançado português saiu do banco, e a partir da direita animou os minutos finais.