
A Coreia do Norte acusou Seul de disparar tiros de aviso contra os seus soldados perto da fronteira, alertando para o risco de escalada das tensões a um nível incontrolável.
O incidente ocorreu na terça-feira, enquanto os soldados norte-coreanos trabalhavam para fechar definitivamente a fronteira fortificada que divide a península, de acordo com a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA, que citou um comunicado do tenente-general Ko Jong Chol.
Descrevendo o incidente como uma "provocação grave", Ko disse que os militares sul-coreanos dispararam mais de dez tiros de aviso contra as tropas norte-coreanas.
"Este é um precedente muito grave que pode inevitavelmente levar a situação na fronteira sul (onde está estacionado um número muito elevado de tropas) a um confronto que se pode transformar numa fase incontrolável", acrescentou.
Coreia do Sul não confirmou de imediato os disparos
Em abril, os militares sul-coreanos dispararam tiros de aviso depois de uma dúzia de soldados norte-coreanos em retirada terem atravessado a fronteira pelo seu lado. As tropas norte-coreanas realizaram uma série de pequenas incursões através da fronteira no ano passado, que Seul descreveu na altura como provavelmente acidentais.
Na sexta-feira, Ko avisou que a Coreia do Norte responderia a qualquer interferência nos seus esforços para fechar a fronteira permanentemente.
Uma guerra com mais de sete décadas
As duas Coreias permanecem tecnicamente em guerra há mais de sete décadas, tendo o conflito de 1950-1953 terminado com um armistício, e não com um tratado de paz.
As relações entre Pyongyang e Seul estão no seu pior momento em vários anos, depois de o Norte ter lançado uma série de mísseis balísticos, violando as sanções da ONU no ano passado.
O Presidente sul-coreano, Lee Jae-myung, apresentou na quinta-feira um plano de três fases para a desnuclearização da Coreia do Norte, poucos dias antes das cimeiras com os líderes norte-americano e japonês.
"A direção política é a desnuclearização da península coreana. A fase 1 é o congelamento do programa nuclear e de mísseis de Pyongyang, a fase 2 é a redução [dessas armas] e a fase 3 a desnuclearização", disse Lee numa entrevista ao diário japonês Yomiuri, distribuída à imprensa pelo gabinete presidencial sul-coreano.
O dirigente afirmou que, a fim de criar as condições necessárias, Seul vai trabalhar em estreita colaboração com Washington, promovendo o diálogo intercoreano.
As declarações foram feitas antes de uma visita de Lee ao Japão, para se encontrar com o primeiro-ministro nipónico, Shigeru Ishiba, e de uma reunião bilateral com o Presidente dos EUA, Donald Trump, em Washington.
A paz e a estabilidade na península coreana são essenciais não só para a Coreia do Sul, mas também para o Japão, a China e a Rússia, sublinhou ainda Lee.
As observações surgem um dia depois de Kim Yo-jong, influente irmã do líder norte-coreano, ter acusado diretamente Lee de promover um "sonho absurdo" de reconciliação intercoreana, sublinhando que Pyongyang não tem qualquer intenção de melhorar os laços com Seul.
Desde a tomada de posse em junho, o Governo de Lee tem tentado aliviar a tensão entre os dois países, nomeadamente com o desmantelamento dos altifalantes fronteiriços e a suspensão das emissões de propaganda.