
Dois jogos, duas vitórias, quatro golos marcados e nenhum sofrido. É este o pecúlio do Famalicão neste arranque de campeonato. Algo que, refira-se, já faz perigar o que aconteceu em 2024/2025.
Nessa altura, ainda com Armando Evangelista ao leme, os minhotos conseguiram três triunfos nas três primeiras rondas e, dessa forma, escreveram uma nova página na história do clube: nunca os famalicenses tinham somado 9 pontos em 9 possíveis no início de uma época na elite nacional.
Quer isto dizer que, em caso de sucesso (também) no encontro vindouro, diante do Gil Vicente, o Famalicão iguala esse melhor arranque do seu historial. Mas isso serão contas para fazer no próximo fim de semana, por ocasião desse dérbi minhoto com os gilistas.
Porque para esse cenário ser real teve de haver, ontem, mais uma vitória do Famalicão - isto já depois dos 3-0 aplicados ao Santa Clara, na 1.ª jornada.
O duelo com o Tondela, disputado em... Rio Maior - a mais de 200 quilómetros do Estádio João Cardoso, casa dos auriverdes, e cujo relvado ainda não estava em condições para receber esta partida - foi marcado pelo equilíbrio, com as duas equipas a alternarem o domínio.
Mathias de Amorim ameaçou logo no minuto inicial, Miro respondeu aos 7 minutos. A ocasião mais flagrante foi protagonizada por Simon Elisor, cujo cabeceamento (12') sofreu um desvio e tirou Bernardo Fontes do caminho. Valeu aos beirões o bom posicionamento de Tiago Manso, que, em cima da linha, negou (naquela altura...) o golo ao camisola 12.
Yarlen e Sorriso ainda ameaçaram antes do descanso, mas foi após o reatamento que o Tondela esteve verdadeiramente perto de marcar. E por duas vezes. Em ambos os casos, porém, os ferros foram verdadeiros inimigos da formação comandada por Ivo Vieira: Miro atirou ao poste (46') e Ouattara Moudjatovic à barra (52').
Quem não marca... sofre. Já depois de Gustavo Sá tirar tinta ao poste (68'), surgiu... Monsieur Elisor: o ponta de lança francês soube ler a mente de Mathias de Amorim e posicionou-se na perfeição para receber o passe do internacional sub-21 português e atirar a contar.
Esperava-se uma reação enérgica dos tondelenses, mas voltaram a ser os azuis e brancos do Minho a ficar perto do golo. Léo Realpe (75') e Umar Abubakar (90+1') viram o guarda-redes contrário realizar duas excelentes defesas.
O Famalicão é líder isolado da Liga, o Tondela (que tem equipa para mais) continua sem pontuar.
Ivo Vieira (treinador do Tondela):
O que aconteceu foi injusto. Tínhamos do outro lado uma equipa com muita valor, muito competitiva, mas avaliando o jogo e vendo o que fizemos em campo merecíamos mais. Na primeira parte o Famalicão foi melhor do que o Tondela, a procurar a profundidade e a explorar as costas dos nossos defesas, e tivemos alguma dificuldade nesse capítulo. Depois ajustámos e melhorámos. Na segunda parte o jogo foi nitidamente do Tondela, com oportunidades flagrantes. Já em desvantagem, a equipa arriscou muito e ficou um pouco desequilibrada, o Famalicão também teve algumas situações em que poderia ter feito mais. Os meus jogadores trabalharam para um resultado diferente, a eficácia não foi a melhor e, como tal, parabéns ao Famalicão. Duas derrotas têm sempre impacto. Nós queremos fazer pontos e ainda não temos nenhum, mesmo sabendo que tínhamos um início de campeonato dificílimo, com saídas aos terrenos do SC Braga e do Benfica. A equipa lutou, a diferença esteve na eficácia. O resultado não é justo, mas temos de acreditar e continuar a lutar. Se a equipa não produzisse e não criasse situações de golo, tal como, de resto, já tinha acontecido em Braga, era preocupante. Tem faltado o sucesso no último terço e vamos lutar para termos esses momentos de finalização.
Hugo Oliveira (treinador do Famalicão)
É importante para nós continuarmos nesta senda de amealhar pontos e de perceber que é o coletivo e a capacidade de mantermo-nos fiéis aos nossos princípios que fazem chegar os resultados. Foi um jogo extremamente difícil, nas condições que sabíamos que íamos ter e diante de um adversário que acabou por juntar as linhas e tirar-nos o espaço onde gostamos de jogar. É sempre mais difícil para quem tem a bola encontrar estes espaços quando a relva não permite e o grande risco é perder a paciência e tomar-se más decisões perante a possibilidade de sermos agredidos. O Tondela sabe o que fazer com a bola depois de recuperá-la, tem movimentos muito verticais e também criou perigo. Nós fomos fiéis às nossas ideias, amealhámos pontos e seguimos o nosso caminho. O relvado estava seco, alto, e a bola rolava muito pouco. É difícil manter a energia, o discernimento e a capacidade de fazer permutas para tirarmos os jogadores adversários dos espaços. O Tondela, fruto da sua ideia e identidade, também podia ter marcado no início da segunda parte, tivemos alguma sorte e admitimos isso. Mas tivemos a maturidade para continuarmos a ser uma verdadeira equipa e que contou sempre com o apoio dos adeptos, a quem eu tiro o meu chapéu.
As notas dos jogadores do Tondela:
Bernardo Fontes (6), Tiago Manso (5), Christian Marques (5), João Afonso (5), Maviram (5), Joe Hodge (5), Cícero (5), Ouattara Moudjatovic (6), Xabi Huarte (5), Yarlen (6), Miro (6), Juan Rodríguez (5), Pedro Maranhão (5), Afonso Rodrigues (5), Yefrei Rodríguez (5) e Hélder Tavares (-)
As notas dos jogadores do Famalicão:
Lazar Carevic (6), Rodrigo Pinheiro (5), Léo Realpe (6), Justin de Haas (5), Pedro Bondo (5), Tom van de Looi (5), Mathias de Amorim (7), Gil Dias (5), Gustavo Sá (6), Sorriso (5), Simon Elisor (7), Rómeo Beney (5), Gustavo Garcia (5), Pedro Santos (5), Ibrahima Ba (-) e Umar Abubakar (5)
Notícia atualizada às 19h12