
Quando Patrícia Sampaio ficou de joelhos, cabeça no chão após a derrota com a alemã Olek, nas meias finais dos Mundiais de Budapeste, era evidente que a judoca portuguesa queria mais.
Sem muito tempo para lamentar, a atleta de 25 anos que há dois meses derrotou a germânica na final do Europeu, percebeu que restava ainda uma hipótese de subir ao pódio.
«Sabe-me a pouco [risos]. Não, sabe-me bem. Vim com o objetivo de ser campeã do mundo, obviamente, como já tinha dito antes. E trabalhei muito para isso, mas foi um dia duro e ter a capacidade de ultrapassar todos os desafios que me foram impostos ao longo do dia deixa-me muito contente, muito orgulhosa de mim, do trabalho que temos feito ao longo deste tempo todo. Não é um título, mas não deixa de ser uma medalha no campeonato do mundo», disse no final a judoca que se tornou a nona oprtuguesa a conseguir fazê-lo.
Pela frente, a chinesa Zhenzhao Ma, o derradeiro obstáculo entre Patrícia Sampaio e o último lugar do pódio que agarrou com determinação e inteligência, obrigando a rival a levar três castigos e ficar fora de jogo.
«Espero ainda estar longe de descobrir qual é que é o limite. A cada ano, descubro que consigo fazer algo mais, conseguimos fazer algo mais todos juntos, por isso não costumo falar em limites, nunca ponderei sobre isso. Acho que não há limite. Por muito que se alcança, é sempre mais a alcançar», explicou.
Antes de ver a chinesa ser desclassificada, a atleta de Tomar venceu três combates por yuko, até que encontrou Olek que lhe aplicou exatamente a mesma estratégia.
«Cada prova é uma prova, vimos sempre em circunstâncias diferentes e todas as competições são diferentes. Preparei-me assim como as minhas adversárias se prepararam. Isto não pode ser... ou pode, mas é difícil ser top ippons em todas as competições. Às vezes vai com a beleza, outras vezes vai na raça», justificou.
Havia outra razão pela qual, a única judoca portuguesa na Hungria a subir ao pódio queria ganhar e era sentimental. «Foi uma promessa que eu tinha feito à minha avó, mas vou ter mais mundiais e vou continuar a lutar para ser campeã do mundo. E obviamente esta medalha é dedicada a ela, mas é dedicada a toda a gente que contribui para eu alcançar este sucesso. Ali dentro do tapete sou só eu, mas há uma rede de apoio muito grande à minha volta. Uma dessas pessoas está aqui, que é o meu segundo pai [o treinador, Marco Morais], e a minha família, que está em Portugal, e não só, têm sido fundamentais neste período», disse emocionada a judoca, que viu a avó morrer recentemente.