O Estoril é conhecido como os canarinhos, enquanto os homens do Arouca como os lobos da Serra da Freita. A lei da selva diria que o animal carnívoro teria mais possibilidades de sobreviver mas assim não aconteceu no Municipal arouquense, no qual o canário, em desvantagem desde muito cedo do jogo, nunca se entregou a um destino que parecia traçado e foi recompensado pela audácia no tempo de compensação, através dum penálti indiscutível de Chico Lamba, que até estava a ser dos melhores da equipa de Vasco Seabra, sobre Alejandro Marqués, com o hispano-venezuelano a ficar encarregue de bater o castigo máximo, no qual não deu hipóteses a Nico Mantl.

Estávamos no minuto 90+2 mas ainda haveria tempo para muita polémica, com Henrique Araújo a ainda introduzir a bola na baliza do estreante na Liga Kevin Chamorro mesmo à beirinha do fim, numa jogada em que também há penálti sobre Jason, mas o lance acabaria anulado por fora de jogo do espanhol.

Este é o resumo da fase final do encontro, mas há muito mais para contar. O jogo começou com duas ameaças sérias do Estoril, com Begraoui desmarcado e em boa posição mas a chutar torto e Xeka, num remate violentíssimo, a deixar a trave da baliza de Nico Mantl a abanar muito. Os deuses do futebol pareciam nada querer com o Estoril e no minuto seguinte a Lei de Murphy — «qualquer coisa que possa correr mal vai correr ainda pior» — aplica-se por completo à equipa de Ian Cathro. Bola na direita do ataque dos da casa, Trezza cruza para a área, Chamorro tem uma péssima abordagem, a bola bate em Sylla e entra na baliza estorilista.

O Estoril tem mais posse de bola e começa a acercar-se da área do Arouca, que perde por lesão o capitão David Simão, o homem que costuma definir os ritmos da equipa, entrando Pedro Santos, que até nem esteve nada mal. Do lado dos homens da Linha, João Carvalho está apagado mas Guitane, sobre a direita, começa a aparecer e numa incursão à área contrária remata em excelente posição mas Chico Lamba, com um corte in extremis, impede o empate.

Na segunda parte não se altera o cariz do jogo, o Estoril tem nova oportunidade, desta feita por Begraoui, mas novamente Chico Lamba faz tremendo corte (62'). Ian Cathro, que quer uma equipa com big balls, não está satisfeito e arrisca tudo e coloca a equipa praticamente num 4x2x4 e a equipa consegue o golo no tal penálti de Marqués. Justa recompensa para um canário atrevido e para um lobo que foi muito mansinho no ataque à baliza contrária, fechando demasiado cedo as linhas para tentar segurar a vantagem.

Contas feitas, um ponto para cada um, com o Estoril a continuar tranquilo na tabela e o Arouca à procura dos pontos necessários para a manutenção: tem 29 e com mais cinco, em princípio, salva-se.

EM ATUALIZAÇÃO

As notas do Arouca: Nico Mantl (5); Tiago Esgaio (5), Chico Lamba (5), Fontán (5) e Weverson (4); David Simão (5) e Fukui (5); Trezza (6), Jason (6) e Sylla (6); Dylan Nandin (4); Pedro Santos (6), Puche (4), Yalcin (4) e Brian Mansilla (—)

As notas do Estoril: Kevin Chamorro (4); Boma (5), Pedro Álvaro (5) e Bacher (5); Wagner Pina (5), Xeka (5), Holsgrove (6) e Pedro Amaral (6); Guitane (6), Begraoui (5) e João Carvalho (6); Gonçalo Costa (6), Alejandro Marqués (7), Orellana (5), Pedro Carvalho (5) e Salazar (—)