
O internacional João Gonçalves deslocou-se até Vila do Conde para arbitrar o Rio Ave-Benfica. O portuense tem muita qualidade e isso deve ser realçado acima de tudo. Ontem tomou boas decisões, mas também cometeu erros que impactaram no rumo da partida. Tem apenas 33 anos e muito tempo para a afirmação plena. Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro.
23' Quando Amdouni caiu na área adversária, o foco centrou-se em eventual infração de Miszta. A verdade é que o guarda-redes do Rio Ave não cometeu qualquer falta, ficando com a bola na sequência de abordagem legal. A irregularidade veio do pé direito de Ntoi, que pisou o também direito do avançado suíço, fruto de abordagem demasiado arriscada à dividida. Em campo e no meio de tantas pernas, seria muito difícil que João Gonçalves conseguisse identificar o contacto faltoso, mas ele existiu e devia ter sido sancionado com pontapé de penálti favorável à equipa lisboeta.
30' Kokçu inaugurou o marcador em Vila do Conde. No momento do remate vitorioso do turco, Pavlidis estava em posição irregular, mas não teve qualquer interferência no jogo ou sobre os adversários. Golo bem validado pela equipa de arbitragem.
38' João Gonçalves interrompeu o jogo não porque a bola lhe tocou, mas porque o próprio estorvou a movimentação de Bruma, levando-o a perder a posse de bola. O portuense atuou com sensatez (e seguindo eventual recomendação nesse sentido), mas a verdade é que este não é um motivo legalmente previsto para interrupção, porque os árbitros — tal como os postes ou as bandeirolas de canto — são elementos neutros em relação à movimentação dos jogadores. Questão tecnicamente interessante, esta que separa letra e espírito da lei.
51' Momento que merece análise técnica em dois momentos distintos: Vrousai cometeu infração passível de pontapé de penálti sobre Pavlidis. O defesa grego levou o pé esquerdo na direção da perna do conterrâneo, derrubando-o dentro da área. A decisão, em si, foi acertada. O problema é que, antes disso, o Benfica ganhou a posse de bola na sequência de infração não assinalada de António Silva sobre Clayton. A carga nas costas, a duas mãos, foi evidente e devia ter sido sancionada. Se assim fosse, a carga sobre Pavlidis na área vilacondense nunca teria acontecido.
58' Clayton pontapeou a perna de Álvaro Carreras de forma claramente negligente. A ação do brasileiro foi bem sancionada com cartão amarelo.
62' Florentino derrubou Clayton com toque na passada, por trás, quando o avançado do Rio Ave conduzia em velocidade um ataque prometedor. O médio encarnado foi bem sancionado com advertência e a infração bem punida com pontapé-livre direto. Na sequência, a equipa da casa marcou.
64' O Rio Ave reduziu o marcador: Aguilera executou, a bola desviou na mão direita de Pavlidis — que estava fora do seu corpo e teria que ser sancionada com pontapé de penálti caso o lance não tivesse resultado em golo —, traindo Trubin. Nestas circunstâncias, o golo foi bem validado. Não faria sentido assinalar um castigo máximo quando, imediatamente a seguir, a bola terminaria na baliza da equipa infratora.
68' Tiknaz agarrou ostensivamente Amdouni, impedindo-o de iniciar saída em velocidade. A infração antidesportiva do turco foi bem punida com cartão amarelo.
75' Golo legal de Clayton, a empatar o marcador no Estádio do Rio Ave. O avançado aproveitou erro do adversário, tirando-lhe a bola sem cometer qualquer infração.
80' Golo de Akturkoglu, a passe de Aursnes. O avançado estava em posição legal quando o norueguês fez a assistência. Lance bem analisado pelo árbitro assistente.
90+4' Clayton, já com cartão amarelo, abordou lance com Renato Sanches de forma negligente. Viu com justiça a segunda advertência (e consequente vermelho direto).