
Hoje, mais do que nunca, pede-se que os jogadores de meio-campo sejam completos. Médios que saibam defender e construir, que tenham intensidade sem perder critério, que organizem, mas também apareçam em zonas de finalização. O coração do jogo passou a exigir um perfil híbrido, capaz de responder a todos os momentos.
Na Liga Portugal, essa tendência é cada vez mais evidente. O Benfica e o FC Porto revolucionaram o setor com contratações que prometem mudar a forma de jogar das equipas, enquanto o Sporting apostou na continuidade de uma base sólida, liderada por Morten Hjulmand. Já outros clubes procuram acompanhar essa evolução, como demonstra o SC Braga, que apostou em Dorgeles.
Neste contexto de mudança e afirmação, destacamos os cinco médios que mais se impõem pelo impacto, pela influência no jogo e pela forma como podem marcar esta temporada.
5.

Victor Froholdt – Quando tudo indicava que Benfica e FC Porto se preparavam para mais uma disputa no mercado, os dragões surpreenderam. O clube da cidade invicta desistiu de Richard Ríos e avançou de forma decidida para garantir a contratação do médio dinamarquês.
Chegado como um nome relativamente desconhecido para o grande público, Froholdt precisou apenas de dois jogos oficiais para se afirmar como um dos médios e das figuras em destaque na Liga. Em Barcelos, diante do Gil Vicente, assinou o primeiro golo oficial com a camisola azul e branca e deixou clara a sua capacidade de influenciar o jogo da equipa de Farioli.
O médio oferece ao FC Porto uma combinação rara de força física e qualidade técnica. A intensidade que imprime nos duelos e a capacidade de percorrer longas distâncias em alta velocidade tornam-no um elemento-chave na recuperação da bola em zonas adiantadas do terreno. Do ponto de vista ofensivo, não é um jogador talhado para gerir os ritmos de jogo, mas compensa com chegada frequente à área e uma presença física que promete ser determinante nas bolas paradas.
Com esta contratação, o FC Porto não só reforça o meio-campo com energia e agressividade, como ganha também uma solução capaz de desequilibrar em jogos de exigência máxima. Froholdt poderá ter chegado em silêncio, mas rapidamente se tornou num dos protagonistas deste arranque de temporada.
4.

Rodrigo Zalazar –O médio uruguaio entra agora na sua terceira temporada ao serviço do SC Braga, depois de quase rumar ao Zenit. A permanência em Braga é uma boa notícia para os minhotos, que mantêm no plantel um jogador com forte capacidade técnica e visão de jogo.
Zalazar distingue-se pela precisão no passe e pelo remate poderoso, sendo também um exímio batedor de bolas paradas. É precisamente nessas situações que o uruguaio mais se destaca, oferecendo à equipa soluções de golo e criação em momentos de jogo condicionado.
O seu rendimento atinge outro patamar quando atua a partir da meia-esquerda, zona do campo que lhe permite receber entrelinhas, criar com o pé direito e ainda aparecer em zonas de finalização. Nessa posição, revela-se não apenas como médio ofensivo, mas também como verdadeiro organizador de jogo, capaz de ditar o ritmo da equipa e desbloquear defesas adversárias com passes decisivos.
Ainda assim, Carlos Vicens tem-lhe atribuído funções mais abertas, algo que nem sempre favorece o jogador, nem a equipa. A deslocação para zonas laterais retira-lhe influência no corredor central e limita a sua capacidade de acelerar a construção. A grande questão da temporada será perceber se o treinador espanhol conseguirá encontrar o enquadramento ideal para potenciar ao máximo as qualidades de Zalazar.
3.

Gabri Veiga – Considerado um dos médios mais promissores da La Liga, o espanhol surpreendeu ao deixar o Celta de Vigo rumo à Arábia Saudita com apenas 21 anos. Dois anos depois, regressa à Europa pela porta do FC Porto, e com a oportunidade de confirmar todo o potencial que deixou em evidência no campeonato espanhol.
No sistema de Farioli, Veiga pode assumir o papel de médio mais criativo do meio-campo portista. A sua qualidade de passe destaca-se tanto na construção curta como nos momentos de bola parada, onde acrescenta precisão e imaginação. O espanhol é igualmente um exímio cruzador, recurso que poderá ganhar ainda maior relevo com as novas dinâmicas ofensivas da equipa.
Frente ao Gil Vicente já se viram alguns sinais desse enquadramento, com Veiga a surgir várias vezes na ala direita, explorando a meia-lua e zonas de cruzamento para servir os avançados. Essa versatilidade torna-o numa peça valiosa para diversificar o ataque portista.
O principal desafio estará na gestão emocional. Por vezes, o médio revela comportamentos intempestivos que afetam a sua concentração e diminuem o impacto no jogo. Se conseguir evoluir nesse aspeto, Gabri Veiga reúne todas as condições para se tornar numa das figuras centrais da nova era do FC Porto.
2.

Enzo Barrenechea – Depois de uma época em que o Benfica sentiu a ausência de um verdadeiro organizador a partir de zonas mais recuadas, com Kokçu a não oferecer a mesma capacidade de gerir os tempos de jogo, os encarnados apostaram em Barrenechea para assumir essa função.
O médio argentino destaca-se pela leitura de espaços e pela inteligência com que decide quando deve formar linha de três com os centrais ou, pelo contrário, posicionar-se mais adiantado para ligar com os jogadores mais avançados. É muitas vezes o ponto de partida dos ataques, transmitindo confiança à equipa: sabe progredir com bola, mas também reter a posse nos momentos em que é necessário dar pausa ao jogo.
Do ponto de vista defensivo, evidencia boa técnica de desarme e posicionamento, mas ainda precisa de elevar a intensidade nos duelos para se afirmar totalmente como referência no meio-campo encarnado. Ao evoluir nesse aspeto, Barrenechea sobe ainda mais o seu nível e tornar-se rapidamente um jogador muito acima no nível da primeira Liga portuguesa.
1.

Morten Hjulmand – O dinamarquês inicia a nova época como uma das grandes referências do Sporting e, provavelmente, como o médio mais influente da Liga. A sua compreensão dos espaços é ímpar: movimenta-se com inteligência dentro do bloco adversário, oferecendo sempre linhas de passe e soluções de progressão.
No momento defensivo, destaca-se pela agressividade nos duelos e pela capacidade de condicionar o jogo rival logo no meio-campo. Soma a isso uma leitura de jogo notável em todas as fases, sabendo quando acelerar, quando pausar e quando simplificar.
Além disso, Hjulmand destaca-se ainda pela liderança imaculada. É a verdadeira “cola” da equipa dentro de campo, garantindo equilíbrio, voz de comando e confiança aos colegas.