"Estão a ser feitos grandes progressos em Gaza", disse Donald Trump à margem da cimeira da NATO, em Haia, acrescentando que o enviado especial, Steve Witkoff, lhe disse que o conflito no enclave palestiniano "estava muito perto" de uma solução.

Trump associou o otimismo de uma "notícia muito boa" para Gaza ao cessar-fogo que entrou em vigor na terça-feira entre Israel e o Irão, ao fim de 12 dias de guerra.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, enfrenta uma pressão crescente da oposição, dos familiares dos reféns detidos em Gaza e até mesmo de membros da coligação no poder para pôr fim à guerra em Gaza, desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas contra Israel, a 07 de outubro de 2023.

O Qatar, 'mediador-chave' no conflito, anunciou na terça-feira que vai lançar uma nova iniciativa para um cessar-fogo, com o Hamas a assumir hoje que as discussões "se intensificaram".

"Os nossos contactos com os irmãos mediadores do Egito e do Qatar nunca cessaram e intensificaram-se nas últimas horas", disse Taher al-Nounou, um alto responsável do movimento islâmico. No entanto, Al-Nounou precisou que o movimento "ainda não recebeu novas propostas" para um cessar-fogo.

O Governo israelita escusou-se a comentar possíveis discussões sobre um cessar-fogo, afirmando que os esforços para trazer de volta os reféns continuavam "no campo de batalha e por meio de negociações".

O ataque de 2023 causou a morte de 1.219 pessoas, na maioria civis, segundo uma contagem da agência de notícias France-Presse (AFP) com base em dados oficiais.

Dos 251 reféns sequestrados naquele dia, 49 ainda estão detidos em Gaza, dos quais pelo menos 27 morreram, segundo o exército israelita.

Em resposta, Israel jurou destruir o Hamas e lançou uma ofensiva militar em Gaza, na qual morreram mais de 56.000 palestinianos, na maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas para Gaza, considerados fiáveis pela ONU.

Os líderes israelitas afirmaram querer assumir o controlo de Gaza e expulsar o Hamas, que assumiu o poder em 2007. O movimento é classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, Israel e União Europeia.

Segundo a ONU e várias organizações não-governamentais, mais de dois milhões de palestinianos em Gaza vivem em condições de pobreza extrema devido às restrições impostas por Israel. Além disso, dezenas de palestinianos são mortos e feridos quase diariamente ao procurarem ajuda humanitária em locais de distribuição.

A Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada por Israel e pelos Estados Unidos, gere quatro centros de distribuição de refeições em Gaza. A fundação nega qualquer responsabilidade pelas mortes ocorridas perto dos seus pontos de ajuda.

Devido às restrições impostas por Israel aos meios de comunicação em Gaza e às dificuldades de acesso no terreno, as informações da Defesa Civil são impossíveis de confirmar de fonte independente no terreno.

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos classificou como "crime de guerra" o uso de alimentos como arma em Gaza, exortando o exército israelita a "parar de disparar contra pessoas que tentam obtê-los".

 

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