O Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF) marcou para 02 de setembro o início do julgamento do ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro e de outros sete aliados acusados de liderar uma alegada tentativa de golpe de estado.

A data foi marcada pelo presidente da Primeira Turma do STF, Cristiano Zanin.

O magistrado também decidiu que, se necessário, as audiências serão realizadas em 03, 09, 10 e 12 de setembro, quando o julgamento determinará se o líder da extrema-direita brasileira será condenado por um suposto tentativa de golpe de estado para permanecer no poder após a derrota nas eleições presidenciais de 2022.

Zanin determinou a data do julgamento oral a pedido do relator do caso no mais alto tribunal do Brasil, Alexandre de Moraes, que apresentou sua solicitação na quinta-feira, depois de os oito réus terem entregado as suas alegações finais.

Outros réus

Além de Bolsonaro quatro ex-ministros do seu governo (2018-2022), Anderson Torres, Augusto Heleno, general Walter Braga Netto e general Paulo Sérgio Nogueira estão ente os réus do mesmo processo.

Também serão julgados como parte do núcleo central do alegado plano golpista o ex-comandante da Marinha brasileira, Almir Garnier, o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem e o coronel Mauro Cid, ex-assessor pessoal de Bolsonaro quando ocupava a Presidência da República.

Todos os réus respondem pelos crimes de golpe, tentativa de abolição do Estado de direito, associação armada para cometer crimes, danos ao património público e deterioração do património público.

De acordo com a acusação feita pelo Procurador-Geral da República do Brasil, Rodrigo Janot, Bolsonaro não reconheceu o resultado das eleições e o Brasil mergulhou num turbilhão de protestos e numa crise institucional que, segundo a acusação, visava impedir a posse do atual Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.

O chefe do Ministério Público brasileiro afirmou que, após o fracasso dos planos iniciais, os réus teriam incitado o ataque a Brasília em 08 de janeiro de 2023, uma semana após a posse de Lula da Silva, quando milhares de 'bolsonaristas' invadiram e vandalizaram às sedes dos Três Poderes.

Bolsonaro rejeita acusações

Nas alegações finais, Bolsonaro rejeitou categoricamente todas as acusações por meio de seus advogados, que pediram ao tribunal que o absolvesse.

A defesa do ex-presidente alegou que há uma falta de evidência absoluta, negou sua participação em um plano de golpe e descreveu as acusações do escritório do promotor como "absurdas".

O processo criminal contra o líder da extrema-direita brasileira desencadeou um conflito diplomático e comercial entre o Brasil e os Estados Unidos, cujo presidente, Donald Trump, aplicou 50% de tarifas a produtos brasileiros em retaliação contra um julgamento que considera "injusto" e o produto de uma "perseguição política".

Na quinta-feira, Trump reiterou sua convicção de que "é uma execução política o que estão tentando fazer com Bolsonaro" e descreveu como "terrível" o que está a acontecer com quem ele definiu como um dos grandes líderes da direita da América Latina.