O Governo da Guiné-Bissau remeteu para sábado esclarecimentos sobre a expulsão da comunicação social portuguesa e mostrou-se "aberto ao diálogo sempre", desde que seja respeitada a soberania do país.

A informação foi transmitida pelo primeiro-ministro, Braima Camará, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), Carlos Pinto Pereira, em declarações aos jornalistas no final de um encontro com a comunidade internacional, em Bissau, sobre as eleições gerais marcadas para 23 de novembro.

O Governo da Guiné-Bissau decidiu expulsar do país as delegações da agência Lusa, da RTP África e da RDP África, com a suspensão das emissões a partir desta sexta-feira e a determinação de os representantes destes órgãos de comunicação social deixarem o país até terça-feira.

Questionado sobre a medida, o primeiro-ministro passou a palavra ao ministro dos Negócios Estrangeiros que confirmou que esta "é uma decisão do Governo", que não vai pronunciar-se sobre o assunto hoje, mas que "nas próximas horas tomará mais uma posição em termos de esclarecimentos sobre o assunto".

O ministro disse ainda que Bissau tomou conhecimento do "comunicado publicado por Portugal", referindo-se à posição do Governo português, e lamentou que o mesmo não tenha referido os fundamentos da decisão.

"Mas, amanhã [sábado] com toda a certeza, iremos nos pronunciar um pouco mais sobre esse assunto", indicou.

À pergunta sobre as consequências da medida para as relações entre os governos da Guiné-Bissau e de Portugal, Carlos Pinto Pereira respondeu que "cada assunto é tratado no seu devido lugar e este assunto será tratado no seu devido lugar".

"Está em tratamento", acrescentou, indicando que "a seu devido tempo" o Governo guineense irá "esclarecer o que se passa".

Guiné-Bissau está "sempre aberta ao diálogo"

O primeiro-ministro, Braima Camará, acrescentou depois que o Governo está sempre aberto ao diálogo.

"Para tranquilizar-vos este é um governo de diálogo. Como disse, e bem, o MNE, na vida há solução para tudo, agora a soberania da Guiné-Bissau deve ser respeitada", afirmou.

O primeiro-ministro do Governo de iniciativa presidencial, recentemente empossado, citou o Presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, para reiterar que "não há Estado pequeno ou Estado grande".

"A Guiné-Bissau é um Estado soberano e a nossa soberania custou-nos sangue, suor e lágrimas dos combatentes da liberdade da pátria", enfatizou.

O primeiro-ministro reiterou que, "na base do diálogo, disciplina, rigor", este "é um governo de diálogo sempre" e afirmou, enquanto chefe do Governo, que a Guiné-Bissau irá dialogar sempre, defendendo a soberania do país.

A decisão do Governo da Guiné-Bissau conhecida esta sexta-feira, sem avançar as razões da expulsão da comunicação social portuguesa, tem gerado reações nos dois países.

Rangel repudia expulsão da comunicação social

O MNE português repudiou a expulsão, que classificou de "altamente censurável e injustificável", e disse que vai pedir explicações ao Governo guineense.

O embaixador da República da Guiné-Bissau em Lisboa foi, entretanto, convocado "para explicações e esclarecimentos junto dos Ministério dos Negócios Estrangeiros". A reunião está prevista para sábado.

As direções de informação da Lusa, RTP e RDP reagiram, em conjunto, à decisão do Governo guineense, que descrevem como "um ataque deliberado à liberdade de expressão".

As direções de informação exigem que os jornalistas da Lusa, da Rádio e da Televisão da RTP possam continuar a exercer o direito de informar na Guiné-Bissau.