Diz-se que cada um tem a sorte que merece. Se assim é, uma pequena ilha nas Caraíbas há de ser merecedora de um grande pote de ouro. É que, sem saber, conseguiu, há cerca de quarenta anos, algo que havia de lhe render uma fortuna no futuro. Tudo por causa da internet e da recente explosão da Inteligência Artificial.
Recuemos aos anos 80 do século passado. Na altura, estava a internet a dar os primeiros passos e a cada país foi atribuído um código específico para a terminação dos websites aí criados. Portugal teve direito à terminação “.pt”, enquanto a Espanha teve a “.es” e o Reino Unido a “.uk”, por exemplo.
Ora, no caso de Anguila, uma pequena ilha nas Caraíbas, o código determinado para sites de internet lá registados foi “.ai”. Agora, décadas mais tarde, a decisão valeu-lhe uma agradável surpresa – que está a trazer muito dinheiro à pequena ilha, com apenas 16 mil habitantes.
É que “ai” é também a sigla usada comumente para designar a Inteligência Artificial. E, com a recente explosão desta tecnologia, são cada vez mais as empresas que estão a pagar a Anguila para poderem registar os seus sites com a terminação “.ai”.
O número de websites a terminar em “.ai” terá duplicado, só no último ano, e aumentado mais de dez vezes nos últimos cinco anos. Segundo a BBC News, são agora mais de 850 mil os sites cuja terminação é “.ai”.
Só o empresário tecnológico norte-americano Dharmesh Shah, citado pela televisão britânica, terá despendido, este ano, 700 mil dólares para registar sites com o código “.ai”.
Fenómeno está a transformar a economia de Anguila
Tradicionalmente, a economia de Anguila assenta fortemente no turismo. Trata-se, contudo, de um território vulnerável a fenómenos meteorológicos como furacões, que tendem a atingir a ilha todos os anos, o que afeta sazonalmente o turismo – e as populações.
A venda de domínios para websites está, por isso, a tornar-se uma importante fonte de rendimento para a ilha, que permanece um território britânico ultramarino, e a contribuir para diversificar a economia da região, de acordo com o Fundo Monetário Internacional.
De acordo com as contas do governo de Anguila, a venda de domínios para sites na internet rendeu ao país o equivalente a 39 milhões de dólares, no ano passado – o que corresponde a quase um quarto do total das receitas da ilha (23% - contra 37% provenientes do turismo).
A expectativa é de que as vendas só aumentem ainda mais neste ano e no próximo - com o governo da ilha já até a tomar medidas para mover os servidores onde estão registados os sites com o código de internet de Anguila para territórios no estrangeiro, para evitar eventuais futuros problemas aquando da passagem de furacões.