"Queremos que a cooperação entre o Irão e a AIEA continue, queremos que todos respeitem a declaração reiterada do Irão de que este país não possui nem tem qualquer intenção de produzir armas nucleares", afirmou o ministro russo, em conferência de imprensa.

O parlamento e o Conselho dos Guardiões do Irão aprovaram hoje a suspensão da cooperação da República Islâmica com a AIEA, a agência de vigilância nuclear da ONU, faltando apenas a assinatura do Presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, para a decisão entrar em vigor.

Após uma guerra de 12 dias com Israel, durante a qual as instalações nucleares iranianas foram atingidas por ataques israelitas e norte-americanos, os dois órgãos -- o legislativo e o que tem poder para rever a legislação - votaram a favor da suspensão da cooperação.

Nos últimos dias, as autoridades iranianas criticaram a AIEA por não ter condenado os ataques israelitas e norte-americanos às instalações nucleares do país.

A cooperação "será inevitavelmente afetada", resumiu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Esmaeil Baqaei.

A agência da ONU assinalou que voltar a entrar nas instalações de desenvolvimento do programa nuclear iraniano é a sua prioridade, depois de três infraestruturas nucleares terem sido bombardeadas pelos Estados Unidos no passado fim de semana, no âmbito da ofensiva iniciada por Israel a 13 de junho e das suspeitas de que Teerão estaria perto de conseguir fabricar uma bomba nuclear.

O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, anunciou na quarta-feira que tinha escrito ao ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão para pedir uma reunião e discutir visitas técnicas às instalações nucleares, até porque o paradeiro de 408 quilos de urânio altamente enriquecido (a 60%, muito próximo do nível necessário para desenvolver bombas nucleares) é uma das grandes incógnitas após os bombardeamentos.

Hoje, numa entrevista a uma rádio francesa, Rafael Grossi admitiu estar muito preocupado com a relutância do Irão em retomar as inspeções às instalações nucleares após os ataques de Israel e dos Estados Unidos.

Grossi salientou que a presença da AIEA "não é um gesto de generosidade", mas antes "uma obrigação legal", uma "responsabilidade internacional" do Irão enquanto membro do Tratado de Não Proliferação Nuclear, que estabelece a existência de um sistema de inspeção.

A Rússia, através da sua agência de energia atómica Rosatom, tem centenas de especialistas destacados na central nuclear de Bushehr, no sudoeste do Irão.

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