
"Precisamos regressar [às instalações iranianas] e envolver-nos. Ontem, escrevi uma carta [ao ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araqchi] a dizer: 'vamos reunir-nos para discutir as modalidades'" das visitas técnicas, explicou o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), em declarações à imprensa em Viena.
O paradeiro de 408 quilos de urânio altamente enriquecido (60%), que está muito próximo do nível de pureza necessário para construir várias bombas nucleares, é uma das grandes incógnitas após os bombardeamentos.
Grossi afirmou que a AIEA estava a realizar "um trabalho indispensável no Irão", durante a conversa com os jornalistas, acompanhado por dirigentes do Governo austríaco e antes da reunião à porta fechada com estas autoridades para tratar da atual situação do polémico programa atómico iraniano.
O diretor-geral insistiu na volta das inspeções técnicas realizadas pelos peritos da AIEA às instalações nucleares iranianas horas depois de o Parlamento iraniano ter aprovado a suspensão da cooperação com esta agência da ONU.
A Presidência francesa anunciou num comunicado que Macron vai receber Rafael Grossi hoje à noite para analisar o atual estado do programa iraniano.
"Após os recentes ataques contra o programa nuclear iraniano, irão discutir o estado do programa, os riscos da radiação, o papel da agência e formas de garantir o total cumprimento das normas de não-proliferação" de armas nucleares, afirmou a Presidência francesa.
O Presidente francês, que receberá o diretor-geral da agência nuclear após o seu regresso da cimeira da NATO em Haia, "reiterará o seu apoio a Rafael Grossi e à AIEA para garantir a segurança nuclear em todo o mundo", acrescentou o Eliseu.
Israel reconheceu hoje que "ainda é muito cedo" para avaliar os danos nas instalações nucleares iranianas, após a divulgação de um documento confidencial que lançou dúvidas sobre a eficácia dos ataques norte-americanos no passado fim de semana a três instalações nucleares do Irão.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, por sua vez, insistiu na destruição "total" dos locais e afirmou que o programa iraniano tinha sido atrasado várias "décadas" pelos ataques norte-americanos.
Emmanuel Macron, por sua vez, alertou na terça-feira para um "risco crescente" de enriquecimento clandestino de urânio após os ataques e apelou ao retomar das negociações para regulamentar o programa iraniano.
No dia 13 de junho, Israel, com o apoio dos Estados Unidos, atacou instalações militares e nucleares iranianas. Posteriormente, os dois países começaram a atacar-se mutuamente e, no passado fim de semana, os norte-americanos também atacaram três instalações nucleares iranianas.
Um cessar-fogo entre Israel e Irão foi acordado após intervenção da Administração norte-americana, na segunda-feira à noite.
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