
A Presidente indiana anunciou esta segunda-feira em Lisboa que Portugal e a Índia vão reforçar a "já excelente" cooperação bilateral, sobretudo em áreas como ciência e tecnologia, energia renovável e mobilidade, bem como no multilateralismo. Droupadi Murmu falava numa declaração aos jornalistas após um encontro com o homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, no quadro da visita oficial de dois dias que hoje iniciou a Portugal.
"Tive uma reunião construtiva e produtiva com o presidente Marcelo Rebelo de Sousa sobre todos os aspetos importantes de nossa relação bilateral. Também discutimos questões globais e regionais de interesse mútuo. Resolvemos construir mais a nossa relação bilateral, especialmente em investimentos de mercado", sublinhou Murmu.
Nesse sentido, a Presidente indiana insistiu na necessidade de se reforçar áreas como ciência e tecnologia, informações e tecnologias digitais, energia renovável, conectividade e mobilidade e para promover contactos de pessoas e um fortalecimento da cooperação nas Nações Unidas e noutros fóruns multilaterais.
"As relações estão continuamente a ser fortalecidas e agora evoluíram em uma parceria multifacetada e dinâmica. Estas foram reforçadas por visitas de nível muito frequente e dirigidas por engenhos de empenhamento comercial que estão crescendo também", acrescentou, aludindo à visita oficial que Marcelo efetuou à Índia em 2020, "que definiu o tom para a expansão mais ampla da parceria bilateral".
Murmu acrescentou que a relação bilateral é baseada na "confiança mútua, compreensão e apoio para cada um sobre questões de interesse comum".
Salientando que terá mais encontros oficiais em Portugal, Murmu adiantou estar também "ansiosa" em reunir-se com representantes da "vibrante diáspora indiana" no país, que estimou em cerca de 50 mil. "É verdade que há 50 mil irmãos e irmãs que trabalham aqui em diferentes setores. Estão a contribuir para o desenvolvimento de Portugal e continuarão a fazer isso no futuro também", referiu.
Já Marcelo Rebelo de Sousa defendeu , perante a sua homóloga da Índia, a importância de um "esforço comum" para afirmar o direito internacional, o "comércio livre e equitativo" e a paz. "Neste momento é muito importante o nosso esforço comum, afirmando o direito internacional, os valores da Carta das Nações Unidas, o multilateralismo, o comércio livre e equitativo, o manter a construção da paz na tolerância e no diálogo e também a preocupação com as políticas económicas, fiscais e comerciais, que devem garantir mais crescimento e evitar o risco de recessões", afirmou o Presidente da República.
O Presidente português considerou que esta visita acontece "num momento internacional muito desafiante".
"Um momento em que o multilateralismo, o sistema internacional baseado em regras, o respeito pela soberania e integridade territorial, a crença no aumento da prosperidade comum através do livre comércio, a certeza da necessidade do combate às alterações climáticas, todos estes princípios e valores se veem em crise, postos em questão por alguns que foram dos grandes construtores e edificadores desses valores e princípios", afirmou.
O chefe de Estado assinalou que a Índia tem um "papel fundamental", uma vez que "é a maior democracia do planeta, é uma potência económica imensa, tem um papel crucial no sistema multilateral, como demonstrou a recente presidência do G20".
"Daí Portugal ter sempre defendido que a Índia fosse e seja, na reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, um membro permanente, daí também a reciprocidade no apoio nas eleições de membros não permanentes: A Índia apoiar Portugal, Portugal apoiar a Índia nos próximos anos", disse.
O Presidente da República indicou também que os dois países estão a "fazer muito" e vão "fazer mais nas relações culturais, na arte, no cinema, na educação, nas relações entre empresas, na abertura de rotas aéreas, no turismo, nas indústrias de defesa, no intercâmbio científico e tecnológico, na inteligência artificial, no digital, nas energias renováveis".
O Presidente da República manifestou o "imenso apreço pela comunidade indiana em Portugal, cerca de 50 mil, uma das mais poderosas, influentes e significativas", que "tanto contribui para o desenvolvimento económico e social", e referiu também "comunidade, mais pequena, portuguesa na Índia", defendendo que a "cooperação bilateral vai melhorar e ser melhorada por gerações mais jovens".