
O preço do ouro continua a quebrar máximos históricos, voltando a ultrapassar hoje o valor de 3.500 dólares a onça na Ásia, superando o anterior recorde, fixado em abril.
O ouro, um ativo considerado um porto seguro em tempos de crise, atingiu 3.501,59 dólares (2.993,18 euros) por onça (equivalente a 31,1 gramas), superando o recorde anterior de 3.500,1 dólares (2.992,22 euros) estabelecido em meados de abril, na altura impulsionado pela incerteza em torno da política comercial dos EUA.
Os investidores estão a comprar ouro, evitando o dólar norte-americano, face às expectativas de um corte nas taxas de juro dos Estados Unidos e às preocupações com a independência da Reserva Federal norte-americana, conhecida como Fed.
A justiça dos Estados Unidos ainda não se pronunciou sobre o destino de Lisa Cook, governadora do banco central norte-americano, que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quer despedir, ameaçando assim a independência da instituição.
A decisão de Trump ocorre após ter atacado repetidamente o presidente da Fed, Jerome Powell, e os demais membros do comité de definição de política monetária por não cortarem a taxa de juro de referência.
Perante uma economia norte-americana em dificuldades, o mercado espera, de qualquer forma, um corte de 0,25 pontos percentuais na próxima reunião da Fed, a 16 e 17 de setembro.
Uma expectativa que enfraquece o dólar e os rendimentos das obrigações, também considerados portos seguros.
Um tribunal federal de recurso dos EUA decidiu na sexta-feira que grande parte das tarifas impostas por Donald Trump às importações é ilegal.
Este anúncio beneficia o ouro porque "introduziu uma nova dose de incerteza nos mercados, que só poderá ser resolvida por uma futura decisão do Supremo Tribunal", disse Russ Mould, analista da empresa de investimento AJ Bell.
A confirmar-se, tal decisão poderá beneficiar os ativos norte-americanos a longo prazo. Mas, a curto prazo, leva muitas empresas a hesitar em investir.
O preço do ouro também foi "sustentado pela persistente inflação" nos Estados Unidos em agosto, acrescentou Ole Hansen, analista do banco Saxo Bank.
Desde o início do ano, o valor do ouro aumentou cerca de um terço, por entre incertezas geopolíticas --- face às guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza --- e comerciais, devido à guerra tarifária lançada por Trump.