Na qualidade de representante legal da SAD portista no processo, acusou no Tribunal de São João Novo, no Porto, os órgãos sociais do clube e em particular o então presidente da Mesa da Assembleia Geral, Lourenço Pinto, de inoperância na resposta aos desacatos na reunião magna, perante o que considerou "comportamentos indignos e intimidatórios".

"Ninguém gosta de ver os associados do FC Porto a terem comportamentos intimidatórios para com outros associados. Os órgãos sociais do FC Porto ficaram inertes perante o que estavam a ver. A certo ponto, tinha de ser chamada a polícia e essa responsabilidade cabia ao presidente da AG. Pedi ao meu advogado para chamar a polícia mais do que uma vez pelos relatos que vinham chegando", afirmou.

O dirigente declarou conhecer, dos arguidos, Fernando Madureira, Sandra Madureira, Vítor Catão e Fernando Saul, dizendo depois que não chegou a entrar no auditório ou no Dragão Arena, para onde foi mudada a reunião magna extraordinária.

Villas-Boas rejeitou a tese veiculada por vários arguidos de que teria vindo da sua então putativa candidatura à presidência dos 'dragões' a intenção de "arregimentar" pessoas para marcar presença na AG, considerando a forte adesão um "movimento orgânico", realçando que a grande adesão se deveu ao que estava causa na altura.

"Também com o que estava em causa, por mudar os estatutos a seis ou sete meses das eleições, e tudo o que poderia contemplar, como possíveis adiamentos das eleições, dado que a mudança estatutária indicava a possibilidade de o presidente da Mesa da Assembleia Geral adiar eleições por motivos de força maior", pontuou.

O presidente portista confirmou que não chegou a entrar no pavilhão do Dragão Arena por aconselhamento do advogado, que considerou que a reunião deveria ter sido impugnada, mas que esteve na fila de entrada, não tendo chegado à fase de acreditação. Por isso, nega ter presenciado episódios de coação, de que teve conhecimento por relatos de adeptos e comunicação social.

O líder dos 'azuis e brancos' alegou que a aprovação da revisão estatutária em votação permitiria à claque Super Dragões obter mais benesses, de modo a saldar uma dívida de "vários milhões" ao clube, e acrescentou que na auditoria realizada "foram detetadas várias ilegalidades", levando à revisão do protocolo com os Super Dragões.

Por requisição da advogada de Fernando Saul, Cristiana Carvalho, um vídeo que alegadamente mostra André Villas-Boas a instruir adeptos a ceder cartões de sócio para que votassem nas eleições de abril último, ação que o líder 'azul e branco' negou, poderá vir a ser admitido no processo, para que o assistente seja confrontado com ele.

A presidente do coletivo de juízes, Ana Dias Costa, deu um prazo à advogada dos portistas, Sofia Ribeiro Branco, para o analisar, mesmo com objeção do Ministério Público à sua inclusão.

Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões e a mulher, Sandra Madureira, começaram na segunda-feira a responder por 31 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto, sob forte aparato policial nas imediações.

Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, em torno de uma AG do FC Porto, em novembro de 2023.

Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases, incluindo Sandra Madureira, Fernando Saul, Vítor Catão ou Hugo Carneiro, igualmente com ligações à claque.

 

SIF/THYG // VR

Lusa/fim