Em relatório, a organização denunciou que cerca de 7.700 recém-nascidos estão a viver em condições inadequadas devido à falta de cuidados necessários.

"Os bebés recém-nascidos estão a morrer de hipotermia na Faixa de Gaza devido ao frio do inverno e à falta de abrigo, enquanto os fornecimentos que os poderiam proteger estão retidos na região há meses, à espera da aprovação das autoridades israelitas para entrarem em Gaza", indicou a UNRWA.

A porta-voz da UNRWA, Louise Wateridge, relatou ter visto "uma mulher a gritar em total desespero e horror porque o seu filho tinha sido morto num ataque na chamada zona humanitária".

"A sua filha estava deitada numa cama próxima, paralisada", acrescentou a porta-voz, recordando também que a Organização Mundial de Saúde (OMS) denunciou o ataque israelita ao Hospital Kamal Aduan, no passado dia 27, "que deixou sem serviço a última grande unidade de saúde no norte de Gaza".

"Desde o início de outubro, a OMS registou pelo menos 50 ataques contra a saúde na zona do hospital", acrescentou.

O relatório da UNRWA incluiu também dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e os "efeitos devastadores da guerra no setor das pescas na Faixa de Gaza". "As capturas médias diárias entre outubro de 2023 e abril de 2024 caíram para 7,3 por cento dos níveis de 2022", alertou.

O texto refere ainda que, entre 01 e 29 de dezembro, Israel permitiu a entrada de 2.205 camiões de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, cerca de 76 por dia, muito longe dos 500 que entravam antes da guerra.

Em resposta, o Coordenador das Atividades Governamentais nos Territórios (COGAT), a autoridade militar israelita responsável pelos territórios palestinianos, acusou a ONU de "não saber contar" e de publicar "informações completamente falsas sobre o número de camiões que entram em Gaza". O COGAT argumentou que "mais de 5.000 camiões" de ajuda entraram em Gaza em dezembro, cerca de 185 por dia.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do Hamas em solo israelita em 07 de outubro de 2023, que provocou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma operação em grande escala no enclave palestiniano, que já matou mais de 45 mil pessoas segundo as autoridades locais, e deixou o território destruído, a quase totalidade da população deslocada e mergulhada numa grave crise humanitária.

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Lusa/fim