Em Dia Internacional dos Enfermeiros, importa sublinhar que é, no e pelo bem, na relação com toda a Humanidade, que se inscreve esta nossa ciência e profissão.

Há seguramente uma resposta de Enfermagem, individual e coletiva, perante as provações do ser humano, nos fenómenos de saúde e de doença, ao longo de todo o seu ciclo vital, de toda a sua vida.

Há também uma resposta de enfermagem perante a crise e os lamentos das pessoas alvo de cuidados de Enfermagem, numa escuta assinalável.

Nestas respostas, a abordagem ao corpo figurativo da pessoa e à sua presença social na terra, numa singular proximidade, é invulgar para outros profissionais de saúde.

Estas respostas, seguras, radicam-se na presença contínua dos enfermeiros e enfermeiras em ambiente clínico ou em outros contextos, como nos refere Walter Hesbeen, e numa proximidade com o “corpo” da pessoa, no esplendor do seu ser, tantas vezes em crise.

A aproximação ao corpo, por vezes desnudado, fragilizado e mutilado, assegura muitos patamares de relação. Desde logo a relação de confiança, a relação empática, a relação terapêutica, toda a relação que ajuda e, em patamares sublimes, a relação de ajuda!

Na prestação de cuidados, eleva-se assim, para além do conhecimento científico próprio, a absoluta bondade dos seres humanos.

Então, no exercício desta absoluta bondade de ser, existe uma consciência profissional competente, numa responsabilidade social que salva!

Estas palavras enaltecem o sacrifício de tantos Enfermeiros em missões nacionais, no seu quotidiano profissional, e, também, internacionais, em cenários de guerra ou de catástrofes naturais várias, em que tantas vezes se excedem as competências do Enfermeiro de cuidados gerais ou do Enfermeiro Especialista, na radicação do bem comum!

O Papa Fransiscus, referiu-se aos Enfermeiros enquanto “peritos em Humanidade”, pois são diferenciadoras as profissões que conseguem aliar o conhecimento científico próprio com o exercício da absoluta bondade humana.

De que natureza falamos então? Dando uso às palavras de Lucília Nunes (2025), referimo-nos a uma natureza com antecedentes e uma trajetória histórica que se confunde com a história da assistência em Portugal, em que a promoção da saúde de todos foi e é um dos mandatos mais importantes para os Enfermeiros. Contudo, a conceção contemporânea da ‘natureza’ da enfermagem, apesar de se ancorar em identidades herdadas, reside fundamentalmente em teorias de enfermagem que ditam linhas de conhecimento, investigação e ação determinantes para as tomadas de decisão em saúde na sustentabilidade dos sistemas.

Em Dia Internacional dos Enfermeiros, lembremos os Enfermeiros e toda a Humanidade que carregam, em prol de um bem maior – a saúde das pessoas famílias e comunidades que lhes são confiadas!

Amélia Simões Figueiredo, diretora da Escola de Enfermagem, de Lisboa, da Universidade Católica Portuguesa.

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