Esta historiadora, museóloga e conservadora foi uma das novas nomeações -- no caso, para a direção do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa - que resultaram de dez concursos, divulgados na sexta-feira em comunicado pela Museus e Monumentos de Portugal (MMP).

Em declarações hoje à Lusa, Maria de Jesus Monge afirmou ter "claramente a perceção de que o museu tem grandes dificuldades", devido à falta de espaço e de condições para conseguir cumprir plenamente a sua missão, e que é por aí que quer começar a trabalhar.

"Trabalhar a coleção do museu é o meu principal objetivo", disse, lembrando que é conservadora de museu e, portanto, "tudo o que tem a ver com conservação e com o estudo das coleções" é um dos seus "principais objetivos".

"É o estudo e a partilha do conhecimento com o público, é essa dimensão que me interessa muito particularmente. Estudar e investigar primeiro, para partilhar depois com o público, porque aquele museu é riquíssimo, tem coleções ímpares e é obrigação, naturalmente, de um museu nacional, com aquelas características, partilhar mais e melhor aquilo que tem à sua guarda. Eu diria que é a minha principal linha de trabalho", salientou.

Sobre as obras previstas para o MNAA, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), previstas começar no dia 03 de março, a nova diretora do museu disse que ainda não teve "a oportunidade sequer de ir ao museu e de tomar conhecimento das coisas mais intimamente".

"Apesar de eu conhecer bem o museu, não trabalho lá, e, portanto, há pormenores daquilo que é o quotidiano e que vai acontecer de imediato que eu ainda não domino. Eu só sei aquilo que tenho ouvido", disse.

E o que tem ouvido é que o museu vai fechar no dia 03 de março, para intensificação -- porque já estão a decorrer - das obras de requalificação, havendo "a perspetiva de essas obras terem vários momentos que poderão conduzir ao encerramento no verão".

Quanto a prazos, só sabe que o PRR termina em 2026, pelo que as obras terão de estar prontas obrigatoriamente até essa data, o que não lhe parece difícil, atendendo a que a intervenção não é de grande monta.

"O que eu sei é que o PRR é suposto a terminar em 2026 e que também a intervenção em Arte Antiga não é muito grande, oxalá fosse, mas o que está previsto não é muito", acrescentou, assinalando novamente que só depois de tomar posse e de estar dentro do museu, estará em condições de falar com maior conhecimento de causa.

Quanto ao resto, também está dependente da entrada efetiva em funções e de se inteirar "melhor de tudo o que está a acontecer e de tudo o que está previsto" e, só então, com a sua equipa, que classificou de "fantástica", irá desenvolver um plano mais formalizado daquilo que vai ser possível.

"E com a esperança, então, que os tais 10 milhões que servem para comprar o edifício que há tanto tempo faz falta, rapidamente se concretizem para podermos então começar a pensar naquele edifício que vai permitir outra dimensão", acrescentou.

Um montante de 10,2 milhões de euros vai destinar-se à compra de dois imóveis e um terreno para expansão do MNAA, confirmou na sexta-feira à Lusa fonte oficial.

Na quinta-feira, o Governo aprovou, em Conselho de Ministros, verbas para o projeto aguardado há mais de 60 anos pelos sucessivos dirigentes do museu da capital que alberga a mais importante coleção de arte antiga do país.

Fonte do gabinete da ministra da Cultura indicou na sexta-feira que, "tendo sido impossível concretizar a compra no prazo previsto, o atual Governo volta agora a autorizar a despesa", aprovada em Conselho de Ministros.

AL (AG) // MSF

Lusa/Fim