
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, validou hoje o plano militar para a ocupação da Cidade de Gaza, ao mesmo tempo que aceitou reatar negociações com o grupo islamita palestiniano Hamas.
"Estamos na fase de tomada de decisões. Cheguei hoje à Divisão de Gaza para aprovar os planos que as Forças de Defesa me apresentaram e ao ministro da Defesa para tomar a Cidade de Gaza e derrotar o Hamas", afirmou o chefe do Governo durante a sua visita àquela unidade do Exército israelita.
Ao mesmo tempo, Netanyahu revelou que deu ordens para "o início imediato das negociações para a libertação de todos os reféns" em posse das milícias palestinianas e para "o fim da guerra em termos aceitáveis" na perspetiva de Israel.
"Estes dois objetivos - derrotar o Hamas e libertar todos os nossos reféns - andam de mãos dadas", declarou num vídeo divulgado pelo seu gabinete.
O primeiro-ministro israelita não fez, porém, qualquer referência concreta à mais recente proposta dos mediadores internacionais - Egito, Qatar e Estados Unidos -, que prevê uma trégua de 60 dias, combinada com a libertação em duas fases dos reféns na Faixa de Gaza, e já aceite pelo Hamas.
Num comunicado contundente, a diplomacia do Egito acusou hoje Israel de ignorar a proposta dos mediadores, alertando para um "erro de cálculo" com a ocupação da Cidade de Gaza, que levará a uma "escalada da guerra na região".
A operação em curso "reflete a total indiferença de Israel aos esforços dos mediadores e ao acordo proposto para alcançar um cessar-fogo, a libertação de reféns e prisioneiros e o fluxo de ajuda humanitária", advertiu o Egito.
Há quase duas semanas, o Gabinete de Segurança de Israel aprovou o plano de ocupação da Cidade de Gaza, a expansão das operações militares a campos de refugiados na costa central do território, gerando uma vaga de críticas internacionais e dentro do país.
As instruções hoje divulgadas pelo chefe do executivo israelita seguem-se a ordens transmitidas na quarta-feira às forças armadas para acelerarem o calendário da ocupação da Cidade de Gaza, um objetivo que envolverá um recrutamento adicional de até 60 mil reservistas.
No mesmo dia, os militares israelitas indicaram que já tinham o controlo das entradas da principal cidade do enclave palestiniano.
Fontes no território citadas pela agência espanhola EFE relataram que os bombardeamentos foram intensificados em redor da Cidade de Gaza, a par da demolição de edifícios.