Na praça central de Slavija, estudantes e outros cidadãos reunidos gritaram, acompanhados por assobios e até vuvuzelas, a pedindo a demissão do governo e a publicação de toda a documentação sobre as obras de renovação da estação de comboios que ruiu a 01 de novembro.
Nas faixas erguidas pelos manifestantes podiam ler-se frases como: "As vossas mãos estão manchadas de sangue", "Prisão, não resignação", "Não somos os vossos filhos" e "Os estudantes não estão calados, os matemáticos calcularam: o número de exigências satisfeitas é 0".
Visnja, uma estudante de 20 anos da Faculdade de Filologia de Belgrado, disse à agência de notícias espanhola EFE que o governo não satisfez nenhuma das exigências dos estudantes e dos cidadãos.
"As nossas exigências continuam a ser as mesmas. A documentação sobre a reconstrução da estação de comboios que foi publicada está incompleta. Exigimos também que sejam detidos aqueles que agrediram fisicamente as pessoas durante os protestos", afirmou Visnja, referindo-se ao ataque a estudantes e jornalistas por parte de desconhecidos aquando da primeira manifestação do género, há um mês. "A primeira coisa que queremos é que o governo deixe de mentir e acabe com a corrupção, que é sinónimo deste governo", acrescentou a estudante.
O Governo tem afirmado repetidamente que satisfez todas as exigências dos manifestantes e apelou aos estudantes para regressarem às suas atividades e acabarem com os bloqueios, mas estes continuam a organizar protestos.
Ognjen Radonjic, professor da Faculdade de Filosofia de Belgrado, considera que a queda da cobertura de betão em Novi Sad é apenas uma das muitas razões para os protestos em curso no país.
Em entrevista ao diário Danas, Radonjic enumerou vários acidentes como a queda de um helicóptero, que causou sete mortos, a morte de 8 mineiros numa mina de carvão, em 2022, bem como vários homicídios por resolver, para afirmar que "este sistema se baseia na violência e defende-se com violência".
Mais de 50 faculdades em Belgrado, Novi Sad, Nis e Kragujevac estão bloqueadas por protestos de estudantes que exigem a responsabilização pelo acidente na estação de Novi Sad, uma cidade a 70 quilómetros a nordeste da capital do país Belgrado.
O protesto organizado hoje foi descrito como um dos maiores dos últimos anos na Sérvia, noticiou a agência Beta.
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