
"Penso que todos querem a paz, certamente, e uma paz robusta e duradoura", disse Emmanuel Macron, no início do encontro em Paris, num dia marcado por conversações sobre o conflito entre a Ucrânia e a Rússia, na presença do chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, e de Steve Witkoff, enviado especial do Presidente norte-americano, Donald Trump.
Macron falou, por telefone, com o homólogo ucraniano Volodymyr Zelensky, antes "almoço de trabalho" que durou toda a tarde com os diplomatas norte-americanos, no qual marcou também presença o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, indicou o Palácio do Eliseu (presidência francesa).
Este encontro realiza-se seis dias depois do encontro entre Witkoff e o Presidente russo, Vladimir Putin, em que as conversações ficaram "muito próximas" de permitir progressos.
As forças russas invadiram a Ucrânia em fevereiro de 2022.
O conselheiro diplomático do Eliseu, Emmanuel Bonne, disse que esta é "uma oportunidade para definir em conjunto quais serão os próximos passos e as medidas" que europeus e os Estados Unidos vão tomar em conjunto.
"Chegámos a Paris com um objetivo em mente: definir soluções concretas para acabar com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia", e pôr fim ao "derramamento de sangue inútil", afirmou o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, na rede social X.
Além dos norte-americanos, uma delegação ucraniana de alto nível, incluindo o chefe da diplomacia Andriï Sybiga, e conselheiros de segurança britânicos e alemães, participam também em várias reuniões em Paris.
Em Kiev, o Presidente ucraniano acusou o enviado especial Steve Witkoff, amigo próximo de Trump, de "adotar a estratégia russa", já que tem sido o interlocutor do Presidente russo nas negociações de cessar-fogo.
No mesmo dia, Moscovo acusou os europeus de quererem "continuar a guerra" e considerou que "muitos países" estavam a tentar "perturbar" o ressurgimento do diálogo bilateral entre Moscovo e Washington.
A Rússia ameaçou ainda a Alemanha, afirmando que qualquer ataque a alvos russos com mísseis de cruzeiro alemães Taurus, que Berlim já não exclui entregar a Kiev, seria considerado "participação direta" na guerra.
O encontro ocorre ainda numa altura em que os europeus temem ser afastados das negociações de cessar-fogo iniciadas por Washington e no dia em que dez pessoas foram mortas por ataques russos na Ucrânia.
No final do dia, Rubio deverá encontrar-se ainda com os homólogos francês e britânico, David Lammy.
Paralelamente à aproximação da administração Trump a Moscovo, Paris e Londres criaram uma coligação dos países dispostos a apoiar a Ucrânia, composta por cerca de 30 nações aliadas de Kiev, trabalhando nomeadamente na criação de uma força destinada a garantir um eventual cessar-fogo e a impedir qualquer novo ataque da Rússia.
Estas conversações "serão também uma oportunidade para discutir os direitos aduaneiros e a situação no Médio Oriente, com o objetivo de diminuir as tensões na região" e de abordar a questão nuclear iraniana, acrescentou o Palácio do Eliseu.
MYCO // EJ
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