
No primeiro semestre deste ano, os principais bancos portugueses voltaram a aumentar os lucros, numa altura em que os novos créditos à habitação continuam a crescer. A Caixa Geral de Depósitos lucrou mais quatro milhões em relação ao mesmo período do ano passado.
O banco público obteve o melhor resultado aoregistar um resultado líquido de 893 milhões de euros no primeiro semestre, mais quatro milhões de euros face ao mesmo período de 2024. Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), divulgado na quarta-feira, a CGD justifica melhores reultados com "o aumento do volume de negócios de 9.000 milhões de euros" e "um balanço com menor risco".
A margem financeira reduziu 10% face ao período homólogo devido "ao contexto de descida das taxas de juro, mas apresenta uma estabilização em comparação com o registado no primeiro trimestre", adiantou a entidade.
Além disso, também a carteira de Crédito a Clientes aumentou 2,3 mil milhões de euros com "crescimento robusto" quer nas empresas e institucionais (mil milhões de euros), quer nos particulares (1,3 mil milhões de euros). O banco refere também que os novos empréstimos à habitação alcançam 2,6 mil milhões de euros no semestre, suplantando o valor do período homólogo em mais de mil milhões de euros, um crescimento de 63%.
BCP é o segundo mais lucrativo no primeiro semestre de 2025
A seguir à CGD, o BCP foi o que melhores resultados obteve ao atingir os 502,3 milhões de euros, um aumento de 3,5% relativamente ao período homólogo, com o volume de negócios a crescer.
Miguel Maya, presidente executivo do BCP, destacou que o primeiro semestre ainda foi marcado por muita incerteza e volatilidade devido à situação macroeconómica e geopolítica. Neste período, o resultado líquido da atividade em Portugal cresceu 3,2% para 424 milhões de euros. Por sua vez, o resultado líquido das operações internacionais ascendeu 11,8% para 146,6 milhões de euros.
De acordo com o comunicado enviado à CMVM, entre janeiro e junho, os recursos totais de clientes no grupo aumentaram 5,5% para 106.200 milhões de euros, enquanto o crédito a clientes somou 3,4% para 60.300 milhões de euros. Só em Portugal, os recursos totais de clientes progrediram 3.200 milhões de euros e o crédito a clientes 1.800 milhões de euros face a junho de 2024.
Também lucro do Novo Banco subiu neste mesmo período. Este registou um aumento de 17,4%, para 434,9 milhões de euros, anunciou esta quinta-feira a instituição financeira, cuja venda aos franceses do BPCE foi anunciada em junho passado.
Em comunicado à CMVM, o Novo Banco refere que o aumento do resultado líquido foi "suportado por um sólido e diversificado modelo de negócio, impulsionado pelo robusto 'franchising' de crédito a empresas e de crédito habitação de baixo risco e pela elevada adoção do digital".
A margem financeira do banco, que traduz a diferença entre os juros cobrados nos créditos e os juros pagos nos depósitos, caiu para 558,8 milhões de euros, face aos 594,9 milhões de euros dos primeiros seis meses de 2024.
Segundo o banco, o desempenho da margem financeira refletiu o aumento de 4,3% do valor médio dos empréstimos a clientes, tendo beneficiado de uma "estratégia de cobertura pró-ativa, compensando a descida de 152 pontos base da média da Euribor a seis meses" (de 3,84% no primeiro semestre de 2024 para 2,32% no primeiro semestre de 2025).
Já o BBVA registou um lucro de 5,447 mil milhões de euros no primeiro semestre, um aumento de 9,1% face ao período homólogo de 2024, estabelecendo um novo recorde, graças à forte atividade em Espanha e no México.
O banco disse que espera atingir um lucro líquido atribuível acumulado de 48 mil milhões de euros entre 2025 e 2028 e planeia ter 36 mil milhões de euros em capital disponível para distribuição aos seus acionistas até 2028.
Por último, o Grupo Crédit Agricole subiu 8,9%, atingindo 4,803 mil milhões de euros no 1.º semestre e alcançando um recorde de 2,638 mil milhões no segundo trimestre (+30,1%).
Nos primeiros seis meses deste ano, os depósitos bancários aumentaram 4,3%, para 19.031 milhões de euros, enquanto o resultado operacional aumentou 3%, para 7.755 milhões, detalhou o grupo, em comunicado. Para o presidente executivo, Olivier Gavalda, que assumiu o comando do banco na primavera passada, as demonstrações financeiras semestrais sugerem que o grupo será capaz de melhorar os seus lucros durante todo o ano de 2025 em comparação com o ano anterior e constituem "uma base sólida para o plano estratégico de médio prazo" que planeia apresentar em 18 de novembro.
O aumento extraordinário do lucro no segundo trimestre é explicado, em parte, pelo ganho de capital ligado à saída das contas da sua subsidiária americana de gestão de ativos, a Amundi US, sem a qual o aumento teria sido de 14,8%.
Com Lusa